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quinta-feira, 3 de junho de 2021

Na mesma semana, morrem dois funcionários de escolas após retorno do trabalho presencial em Taboão da Serra

Funcionários da EMEF Armando de Andrade foram orientados a fazer teste contra Covid devido à morte do colega de trabalho. Foto: Reprodução

David da Silva

O servidor público Adilson Antonio dos Santos, 48 anos, morreu no último domingo, 30 de maio, com quadro de saúde supostamente agravado pela Covid-19, segundo informações de seus colegas de serviço na EMEF Armando de Andrade, onde era auxiliar de classe e tinha sete anos de casa na Prefeitura de Taboão da Serra. A esposa nega que foi infectado. Mas, de acordo com funcionários da escola, todas as pessoas que mantiveram contato com ele no ambiente de trabalho foram orientadas a fazer o teste do coronavírus.

O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Taboão da Serra emitido em 30 de maio confirmou a morte de um homem de 48 anos - mesma data e mesma idade do auxiliar de classe Adilson Antonio dos Santos - na UPA Akira Tada, centro de atendimento à Covid.

Sepultado às 10h da 2ª-feira sem direito a velório, Adilson entrou por concurso público na prefeitura em 1º de agosto de 2014. No último dia 26 de janeiro havia completado 48 anos de idade. O amor pelo seu ofício de ensinar artes estava expresso na forma de identificar seu perfil no Facebook como “Adilson Artgarantida”.

Caso se confirme a causa como Covid, esta terá sido a segunda morte causada pela pandemia na rede municipal de Ensino em uma mesma semana. Cinco dias antes de Adilson falecer, morreu com coronavírus o funcionário público Evaldo Dias da Silva Junior, vice-diretor da EMEF Rachel de Queiroz. Ele estava há cinco anos concursado na Prefeitura de Taboão da Serra.

Ao responder às condolências no Facebook, a viúva de Adilson, que também é funcionária de escola do ensino básico na prefeitura local, expressou: “eu e minhas filhas agradecemos pelo carinho” [...] “Se cuidem, porque governantes não cuidam de ninguém”, desabafou. 

Adilson trabalhava na Prefeitura de Taboão há sete anos. Foto: Facebook/reprodução

Medo nas escolas

Um  grupo de auxiliares de classe – a mesma função exercida por Adilson Antonio dos Santos – se dirigiu ao gabinete da secretária da Educação na 2ª-feira, 31 de maio, para, segundo eles, levar “os temores e anseios da categoria para não voltar presencialmente a trabalhar nas unidades escolares, tendo em vista que o decreto de permanência das aulas de maneira remota torna desnecessária nossa presença nas escolas”, diz o documento elaborado por esses profissionais após a reunião com Dirce Takano.

A conversa da secretária com os auxiliares de classe não foi conclusiva. Ela disse, naquele dia, que estava analisando a forma de cumprir o esquema de revezamento de funcionários no serviço presencial, determinado pela Secretaria de Gestão de Pessoas para vigorar no período de 1º a 14 de junho.

O que deixa o funcionalismo ainda mais confuso é que a própria circular emitida em 28 de maio pela Gestão de Pessoas diz que o prazo de 14 dias da escala de revezamento é “sujeito a reavaliação”.

O trabalho remoto dos trabalhadores do ensino foi revogado por Dirce Takano em 11 de maio. Neste período do pós-retorno o blog apurou 16 casos confirmados de Covid em funcionários de sete escolas da rede municipal.

Segunda tentativa

O plano do prefeito Aprígio e de Dirce Takano era colocar alunos e professores de volta nas escolas municipais na 3ª-feira, 1º de junho. Perante à reação negativa dos pais, Aprígio recuou.

Esta foi a segunda vez neste ano que o prefeito e Dirce tentaram ocupar as salas de aula durante a pandemia. A intenção de reabrir as escolas em 15 de março foi abortada depois que um documento interno da Secretaria da Educação vazou para o blog no dia 3 daquele mês.

Na ocasião, Aprígio prometeu: “Enquanto não houver diminuição no número de casos confirmados e óbitos [...] não serão retomadas as aulas presenciais”, diz a nota assinada pela sua Secretaria de Comunicação.

Levantamentos feitos pelo jornalista Adilson Oliveira, do site Verbo on Line, apontam a escalada vertiginosa do número de mortos pela Covid-19 em Taboão da Serra nos últimos três meses. Foram 83 mortes em março, 124 mortes em abril, e 104 mortes em maio.

Ontem, 4ª-feira 2 de junho, mais 5 pessoas morreram na UPA Akira Tada, elevando para 726 óbitos causados pela pandemia no município.

Os trabalhadores do ensino exigem as duas doses da vacina contra a Covid antes de retomarem seus cargos dentro das escolas.

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