Zagueiro Tuta, 22 anos, hoje no futebol da Alemanha, foi uma das revelações do Pequeninos do Jockey ao São Paulo FC. Foto: Eintracht Frankfurt | Divulgação |
O
Diário da Justiça Eletrônico publicou, na última 4ª-feira 11 de agosto,
sentença da juíza Gabriela Fragoso Calasso Costa, da 32ª Vara Cível do Foro
Central de São Paulo, determinando que o São Paulo FC pague comissão ao Clube
Pequeninos do Jockey na negociação de jogadores revelados por essa escola de
futebol. O processo teve início três anos atrás, em agosto de 2019. Como clube
formador, o Pequeninos do Jockey tem direito a porcentagem sobre as negociações
de 10 jogadores do São Paulo, sendo dois já transferidos para clubes da Europa,
e oito ainda no elenco do Morumbi.
Pela decisão da juíza, o Tricolor paulista terá de pagar ao Pequeninos do Jockey comissão de R$ 320.250,00 pela transferência do zagueiro Tuta para o Eintracht Frankfurt. O jogador foi negociado com o futebol alemão em janeiro de 2019 por um milhão e 800 mil euros. O clube são-paulino também vai pagar R$ 498 mil de comissão pela venda do volante Luizão ao FC Porto, de Portugal, em abril de 2017 por três milhões de euros – Luizão hoje joga na Ucrânia. Luizão e Tuta deram seus primeiros passos rumo à profissionalização no Pequeninos do Jockey.
Tuta em recente visita a Guimarães, criador do Pequeninos do Jockey |
“Até pessoas leigas”
A juíza Gabriela Fragoso foi enérgica diante da tentativa do São Paulo em negar que o Clube Pequeninos do Jockey tenha lhe encaminhado jovens que se tornaram jogadores profissionais. O tricolor tentou duas linhas de defesa. Uma, fazendo com que os garotos assinassem documento de que não tiveram vínculo com o Pequeninos antes de ingressarem no São Paulo. A juíza classificou este ato como “temor reverencial”, segundo o qual um jovem atleta evita declarações que possam provocar sua dispensa do clube onde pretende seguir carreira. Outra tática do Tricolor foi alegar que o Pequeninos do Jockey não fez um encaminhamento formal dos atletas iniciantes. Para a magistrada “o encaminhamento dos jogadores ao SPFC não precisa ser realizado por documento solene sacramentado em cartório ou assinado por duas testemunhas”, ironiza. A juíza salientou na sua sentença que “até pessoas leigas em esportes sabem que a escolha dos jogadores [em início de carreira] é feita por ‘peneiras’, que não contam com qualquer formalidade adicional”; “exigir solenidades em situações de informalidade seria antijurídico e afrontaria o bom-senso”, prossegue a juíza, e finaliza: “para evitar embargos de declaração, desde já consigno que não há a necessidade de que os jogadores sejam encaminhados ao SPFC com carta registrada com aviso de recebimento ou qualquer outra solenidade”.
O volante Luizão encaminhado ao SPFC pelo Pequeninos. Foi vendido ao FC Porto (Portugal) e hoje no Vorskla Poltava (Ucrânia) |
Uma célebre testemunha
Em
maio de 2005, durante a gestão de Marcelo Portugal Gouveia, o São Paulo FC
assinou com o Pequeninos do Jockey um Instrumento Particular de Cessão de
Direitos Federativos, dando-lhe 5% do proveito econômico nas transações de
atletas encaminhados por ele. Por meio desse antigo contrato agora mais solidificado por decisão judicial, o Pequeninos tem direito a comissão nas futuras
negociações do atacante Marquinhos e dos volantes Luan e Liziero – os três já
atuam no elenco principal. O clube também receberá comissões sobre as eventuais
transações do volante Gabriel Falcão, 20 anos, zagueiro Lucas Fasson, 20 anos, goleiro
Thiago Couto, 22 anos, atacante Gabriel Maioli, 18 anos, e o meia Théo, 18 anos,
todos ainda nas categorias de base do SPFC.
O Clube Pequeninos do Jockey teve como advogado Mauricio Amato Filho.
[trechos do documento] O compromisso firmado entre o SPFC e o Pequeninos do Jockey em 11.maio.2005 teve como testemunha o locutor esportivo Fiori Gigliotti |
Pequeninos do Jockey, fábrica de talentos. Se puxar direitinho deve ter direito a muito mais revelações espalhados mundo afora.
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