quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Suspeito de atirar em Aprígio fugiu de cadeia dominada pelo PCC após “saidinha”

Gilmar passou por quatro presídios controlados por facção criminosa

David da Silva

Preso nesta 2ª-feira (21) sob acusação de participar da ocorrência contra o prefeito de Taboão da Serra, Gilmar de Jesus Santos, 48 anos, estava no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Porto Feliz, interior do Estado de SP, condenado a oito anos por roubo e receptação. No dia 19 de março deste ano, foi beneficiado com a saída temporária, a popular “saidinha”. Saiu, e não voltou.

Por volta das 15h de anteontem, Gilmar circulava por Barueri, onde mora, quando seu carro Fiat Siena preto foi detectado pelas câmeras do sistema de identificação de placas na Rua Engenheiro Oscar Kesselring, no bairro Jd Belval. A GCM seguiu a movimentação de Gilmar pelas ruas por meio da vigilância eletrônica, enquanto acionava a Polícia Militar e mandou aviso à Polícia Civil de Taboão da Serra. Na Avenida João Vicente do Nascimento, nas imediações do Parque dos Camargos, ele foi detido pelos guardas municipais. Estava sem a carteira de motorista, e deu um nome falso.

Na casa de Gilmar, os investigadores localizaram a sua CNH (carteira nacional de habilitação) e constataram sua verdadeira identidade. Naquele local, os policiais taboanenses encontraram R$ 7.875,00 em dinheiro vivo.

Ao descer do camburão na frente do 1º Distrito Policial em Taboão da Serra, Gilmar disse aos repórteres que “Não fui eu, não tenho nada a ver com isso [tiros contra o prefeito]”, e alegou que a polícia não teria provas contra ele.

Dentro da delegacia, Gilmar falou que tinha comprado o Fiat Siena no último sábado (19) – um dia depois da ocorrência pela qual é investigado.

Gilmar já esteve em cadeias dominadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Ficou recolhido nas Penitenciárias 1 e 2 de Mirandópolis, no presídio de Itapetininga, e no CPP de Porto Feliz, para onde não retornou após a saidinha.

Estava solto nas ruas há 216 dias.

Três carros e três suspeitos

A Polícia Civil chegou até Gilmar a partir das imagens do videomonitoramento do Rodoanel Mário Covas. As câmeras registraram dois homens saindo de um Nissan vermelho. Um deles carregava uma mochila usada no transporte de armas longas – o delegado Seccional de Taboão afirma que os disparos contra o prefeito partiram de um fuzil AK-47 calibre 7,62.

Após atear fogo no Nissan vermelho, o indivíduo com a mochila entrou em um Fiat Siena verde, sem insulfilm. Pela placa do carro, policiais descobriram o endereço do proprietário no bairro Jd Primeiro de Maio, em Osasco. A dona da casa falou que é viúva do dono do carro, que costuma ser usado pelo filho. Ao ver a foto mostrada pelos investigadores, a mulher reconheceu seu filho Jefferson Ferreira de Souza, de 33 anos.

No último dia 17 de setembro, Jefferson recebeu alvará de soltura do Centro de Ressocialização de Itapetininga, onde esteve condenado a 5 anos e 4 meses por roubo, e 4 anos por receptação. Ele já havia passado pelo Centro de Detenção Provisória (CDP) de Itapecerica da Serra, e pela Penitenciária de Itapetininga, onde também esteve preso Gilmar. Todas essas cadeias sob o controle do PCC, segundo o Ministério Público.

Com apenas 31 dias de liberdade, Jefferson estava de novo enrolado em nova investigação.

Segundo a Civil de Taboão, foi ele quem deu fuga aos atiradores.

Na casa de Jefferson os policiais apreenderam um telefone celular e sua carteira de motorista. Sua mãe disse aos agentes que o filho poderia estar na casa da namorada, também em Osasco. Ao chegar lá, a polícia encontrou a porta aberta e as luzes acesas, mostrando que alguém saiu dali com muita pressa.

Bandidos queimaram o Nissan usado no ataque
Momento em que o carro de Gilmar foi detectado pela muralha eletrônica de Barueri

A polícia localizou um Citröen com a namorada de Jefferson. O carro estava lavado, para apagar rastros, e foi periciado em busca de novos vestígios.

Um terceiro homem suspeito também está foragido.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não há dúvidas de que o crime não ocorreu. Também é indiscutível que todas as cadeias estão sob o controle do crime organizado. O importante é descobrir a quem interessa este atentado, considerando que Aprígio, ao que tudo indica, perdeu as eleições. Estaria ele buscando se vitimizar diante de uma derrota? Confiamos na investigação e esperamos que a verdade venha à tona, o que certamente causará desconforto a alguns que não previram a gravidade dos excessos de crimes pelos criminosos. Seria este tentado uma manobra para reverter o quadro político?

Marcelo Soares disse...

Parabéns pela matéria . Único que na real todos os fatos.

Anônimo disse...

Parabéns mesmo, o que os outros não mostraram o Bar & Lanches mostrou.

Anônimo disse...

" Os piores cegos são aqueles que não querem ver... "