sábado, 6 de outubro de 2007

Taboão da Serra ou Neverland?

Quem pegar os jornais O Povo ou O Cidadão, distribuídos neste sábado nas bancas, terá a nítida impressão que Taboão da Serra não faz parte do mundo.
É como se vivêssemos na paradisíaca Liechenstein, ou no principado de Mônaco.
Os dois periódicos não dedicaram uma mísera linha de reportagem, para informar a população do troca-troca partidário entre vereadores, e suas possíveis perdas das cadeiras no legislativo municipal.
Nos últimos dias, três vereadores de Taboão assinaram fichas em partidos diferentes daqueles que os elegeram.
E o STF decidiu que quem trocou de partido depois de 27 de março de 2007, perde o mandato. O jornal O Cidadão traz um editorial longo, mas apenas em tom genérico e laudatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão em favor da fidelidade partidária.
Assim, se dependesse dos semanários municipais, quem mora em Taboão não ficaria sabendo que:
* O vereador Natal anunciou desligamento do DEM (ex-PFL, pelo qual se elegeu) para juntar-se a uma legenda subalterna a Evilásio Farias. Mas, malandramente, não comunicou à Justiça Eleitoral a desfiliação do DEM. Na 6ª-feira pela manhã, o vereador Natal perambulava pelos corredores da Câmara, e sangrava pelos olhos, procurando desesperadamente o vereador dr. Maurício, presidente do DEM, para jurar eterna fidelidade. Talvez Natal tenha até dito que odeia o prefeito Evilásio. Doutor Maurício pode até perdoar o virtual desertor. Mas, a pedra no sapato de Natal é o suplente do partido, que tem o direito à vaga. Caso não tenha também aderido ao troca-troca, o suplente Plínio - 1.001 votos na eleição de 2004 - deverá entrar na Justiça para exigir sua cadeira na Câmara de Vereadores.

*O vereador Paulo Felix (foto à direita) assinou ficha de filiação no PTB,
na tarde da 5ª-feira, enquanto os ministros do Supremo Tribunal ainda decidiam o que fazer com os vira-casacas. Todavia, da mesma forma como procedeu o vereador Natal, o vereador Paulo Felix fechou o acordo com o grupo político de Evilásio Farias, sem contudo informar seu desligamento do antigo partido ao juiz eleitoral. Pode ser que um constrangido Paulo Felix volte a abrigar-se incomodamente no ninho dos tucanos. Mas se o suplente do partido, Valter Paulo, ainda se mantém fiel ao PSDB, a vaga poderá ser sua, caso prove que Felix é infiel. Se Valter Paulo também tiver entrado na esbórnia da pulação de cerca partidária, outros dois suplentes também amargarão desilusão por terem virado as costas ao PSDB. São os casos de Neusa Brandão e Caboré, que debandaram dos tucanos para tornarem-se empregados do prefeito Evilásio.
A trajetória política de Paulo Felix é feito barco que se desloca pela popa. Iniciou sua vida pública no PT, transitou pelo PV, aninhou-se no PSDB, e agora tem ficha assinada no PTB. Se Plínio Salgado estivesse vivo, não sei não...

*O vereador Aprígio (foto à esquerda) é o caso mais grave. Abandonou o PTB, pelo qual se elegeu, para tornar-se presidente do PRB. A suplente Fausta – 1.275 votos na eleição de 2004 – poderia exigir a vaga. Mas, abandonou o partido para tornar-se empregada de Evilásio Farias. O segundo suplente Ari Pinheiro – 1.147 votos na última eleição – seria agora um vereador, caso também não tivesse abandonado o PTB. Pelas contas feitas em cima do balcão do nosso buteco, o ex-vereador Oscar Ferreira – 1.095 votos – tem o direito à vaga.
Ari Pinheiro (no círculo vermelho) perdeu o direito de assumir como vereador por ter se filiado ao PMDB.

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