sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Três noites no bar com Van Gogh

David da Silva

“O Café à Noite” (Le Café de nuit) do holandês Vincent van Gogh é um óleo sobre tela de 72,4 cm × 92,1 cm pintado em setembro de 1888, quando o artista vivia na cidade de Arles, no sul da França.

Mostra o interior do comércio chamado Café de la Gare, na Praça Lamartine, nº 30, no centro de Arles. Van Gogh morava em um quarto alugado na parte de cima do bar.

Um mês antes de começar esse quadro Van Gogh escreveu a seu irmão Theo, contando sua intenção de pintar o boteco. Ele explica que aquele café noturno – que modernamente chamamos de “fecha-nunca” - servia de refúgio a quem não tinha dinheiro para pagar um quarto onde dormir. Também acolhia as pessoas bêbadas demais para achar o rumo de casa na madrugada.

No início de setembro de 1888 Van Gogh passou três noites consecutivas transpondo o bar para a tela. Até chegar à forma final do quadro, Van Gogh voltou a dar pormenores da obra a seu irmão. Exprimia todo o seu esforço para retratar a imensa carga sofrida daquele refúgio boêmio: “Tenho tentado expressar as terríveis paixões da humanidade através das cores vermelho e verde. A sala é vermelho-sangue e amarelo escuro, com o verde da mesa de bilhar no meio. Em todos os lugares da cena há um choque e um contraste no estranhamento entre o vermelho e o verde, com as poucas pessoas dormitando nas mesas”.

O homem de roupa branca em pé ao lado da mesa de bilhar é Joseph-Michel Ginoux, dono do boteco.

Atualmente o quadro está na Pinacoteca da Yale University, nos Estados Unidos.

Vincent mudou da Holanda para Arles, no sul da França, em busca da luz natural mais perfeita para seus quadros.

Ele chegou àquela cidade em 21 de fevereiro de 1888, e lá permaneceu por pouco mais de um ano. Foi a fase mais criativa da sua vida. Mais atormentada também.

Na noite de 23 de dezembro de 1888, após violenta discussão com Paul Gauguin, que não concordava com seus pontos de vista sobre pintura, Van Gogh decepou a própria orelha esquerda. Embrulhou-a em jornal, e a entregou para a jovem Gabrielle Berlatier, 18 anos, filha de um agricultor. Ela trabalhava no puteiro da Rue du Bout, em Arles. Mas não era puta. Fazia limpeza. Também tinha sido faxineira do Café de la Gare, onde Vincent a conheceu.


Cena da Taverna – 12.nov.1888
(Foi neste puteiro que Van Gogh entregou sua orelha para Gabrielle)

Um comentário:

Giovani Iemini disse...

amigón.
este post é ótimo. há tempos procuro pinturas de bares, pois publico o bar do escritor em
www.bardoescritor.net
onde as capas sempre são sobre bares, dai agora vou usar teu blog como referência.
valeu