segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Onde todas as gatas são pardas, e todas as sextas-feiras, da paixão

O Grande Bar, do pintor italiano Alberto Sughi, integra a série temática Noturnos deste pintor do “realismo existencial”, iniciada no ano 2000.
Na pintura de Alberto Sughi, estão visíveis todos os traços do seu processo criativo. Ao contrário de pintores que ocultam sob camadas definitivas de tinta as etapas de criação, a obra de Sughi deixa à mostra toda a maestria de seu desenho e a riqueza de sua elaboração cromática.
Ficam transparentes todas as camadas de cores, dando fluidez aos objetos e aos personagens.
Neste universo não há heróis. Retrata simplesmente, com estupenda força expressiva, momentos da vida cotidiana. Não há como separar todas as partes que integram a pintura. Os personagens estão psicologicamente distantes uns dos outros. Mas a solidão é o seu traço-de-união.
Mesmo entre o homem e a mulher que conversam (negociam?) no balcão, persiste o estranhamento.
Alberto Sughi também impõe o distanciamento a quem observa sua obra. Mesmo nos aproximando da tela, não nos é permitido penetrar na emoção de seus personagens, além do limite imposto pelo autor.
Mas Sughi não explora a decadência física-moral destes habitantes da noite enclausurada no bar. Trata-os com refinamento e elegância.
Cada gota de tinta explode em melancolia. Cada traço invade a alma de tristeza, silêncio, vazio e tédio.

Alberto Sughi nasceu em 5 de outubro de 1928, em Cesena, Itália. Começou a pintar no início da década de 1950, quando mudou-se para Roma, onde vive até hoje.

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