terça-feira, 29 de janeiro de 2008

“Donde Miras” mergulha no foco da violência (?)

As duas ou três pessoas que freqüentam diariamente nosso Bar & Lanches Taboão vão levar um susto hoje, ao conhecerem o último levantamento sobre cidades violentas do Brasil.
A cidade de Tunas do Paraná (PR) aparece entre os 10 maiores focos de homicídios do País. O levantamento é dos ministérios da Saúde e da Justiça.
Aí você tem um estalo: “Tunas do Paraná? Onde foi que ví este nome?”. Corre para a internet, abre o blog da Expedición Donde Miras, e o pânico é total. O município de Tunas do Paraná está no roteiro da Caminhada Cultural pela América Latina, inspirada pelo Sarau do Binho.
Pelos cálculos feitos aqui em cima do nosso balcão, os artistas expedicionários estão cruzando aquele território justamente nesta 3ª-feira, 29 de janeiro, data da publicação do ranking da violência nacional.
Mas... como diz aquela ministra:
- Relaxa, baby!
Tunas do Paraná é uma prova de como as estatísticas são curiosas. O mapa da violência é feito na proporção do número de homicídios com o número de habitantes.
A cidade tem cerca de 5.200 moradores. Sabe quantas pessoas morreram lá em 2006 (ano-base para o levantamento)? Duas. Comparada ao número de tunenses, a taxa de mortes vai lá pras alturas.

Tocando em frente

Passado o susto provocado pelos caprichos da Matemática, vamos ver o que Tunas do Paraná oferece além do cemitério, que no penúltimo ano recebeu só dois novos inquilinos.
Quando eu passava com meu pai (caminhoneiro) por este lugar na década de 1970, a cidade se chamava Pedra Preta. A gente passava por lá na época, porque a BR-116 estava interditada. O guerrilheiro Carlos Lamarca dava um baile no Exército. O foco da guerrilha estava às margens do Rio Ribeira de Iguape. O tráfego era desviado da BR-116 para a Estrada Velha São Paulo/Curitiba, ou Estrada da Ribeira.
Tunas do Paraná era chamada Pedra Preta devido à grande quantidade ali existente de uma rocha de origem vulcânica de cor escura. Há milênios houve um vulcão nervoso naquela localidade situada a 906m acima do nível do mar.
O município ficou independente de Bocaiúva do Sul no ano 2000. O atual nome de Tunas é derivado de uma planta do tipo cactus muito encontrada por ali. Hoje Tunas é administrada pela prefeita Nalinez Zanon, que é médica ginecologista. A economia dominante do lugar são a indústria madeireira e a extração de minério. Lá também fica o Parque Estadual Campinhos, com belas matas, montanhas e grutas.
Esta é a ante-penúltima escala da Expedición Donde Miras, antes de pisar na cidade de Curitiba – a Capital do Paraná está 87km à frente do atual estágio da caminhada. Bocaiúva do Sul e Campina Grande do Sul são as próximas cidades onde os poetas e músicos de Campo Limpo/Taboão vão trocar arte e energia com o povo do lugar.

Vista aérea de Tunas do Paraná

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