O disco Os Afro-Sambas foi gravado em 1990 e lançado na França, mas só agora está ao alcance do público no Brasil
Por Lauro Lisboa Garcia
(Publicada n’O Estado de São Paulo, 26.fev.2008)
(Publicada n’O Estado de São Paulo, 26.fev.2008)
Os geniais afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes estão mais uma vez na roda. Regravados por Mônica Salmaso e Paulo Bellinati em 1996 e por Virginia Rodrigues em 2003, eles voltam pelas mãos do sublime violonista que levou o poeta a descobrir os encantos do candomblé e da capoeira da Bahia em 1962. A versão em pauta, Os Afro-Sambas (Biscoito Fino) data de 1990, foi lançada na França (onde o CD com 11 faixas, 3 a mais que o original, foi masterizado), e só agora está ao alcance do público no Brasil. Antes o projeto foi às mãos de poucos, como brinde de um banco.
Fazia então dez anos que Vinicius tinha morrido, mas o Quarteto em Cy, que imprimiu seu vocal na gravação original, realizada entre 1965 e 1966, se reencontrou com Baden para participar de oito faixas. Dentre as mais de 20 canções que a dupla compôs com essa temática, há os clássicos Canto de Ossanha e Labareda, que fizeram parte do LP original dos afro-sambas. Baden também faz variações sobre Berimbau nesta revisita.
Depois que virou evangélico, Baden renegou sua obra-prima com Vinicius. Por sorte, ele as reinventou nessa empreitada, em mais um mergulho profundo nos mistérios dos ritos afro-brasileiros e seus orixás. A voz é pequena (e as "meninas" do Quarteto em Cy compensam), mas o violão fala por ele, percussivo, sofisticado, contundente, em arpejos vigorosos. Baden ainda regravaria outros clássicos da dupla, como Consolação e Samba da Bênção seis meses antes de morrer em 2000. O registro está no álbum Baden Plays Vinicius, lançado em 2007, um melancólico, solitário e pungente toque de adeus, igualmente imprescindível.
No CD dos afro-sambas, além do Quarteto em Cy, ele está acompanhado de uma banda de baixo, bateria, flauta e percussão. O encarte traz a reprodução de uma carta que Baden enviou a um tal Joel, explicando por que queria regravar esses temas: a qualidade sonora, disse ele, "era a pior naquele tempo" (anos 60), "só existiam dois canais em hi-fi". Ele lembra também que nos dias de gravação caiu um "temporal histórico" e que ele e Vinicius estavam encharcados mesmo era de uísque e cerveja. Tocavam e cantavam "com muita raça, mas também bastante bêbados".
Alguns desses afro-sambas estão no roteiro dos shows que Fabiana Cozza e Max de Castro fazem juntos de sexta a domingo no Sesc Vila Mariana.
Saravá!
Fazia então dez anos que Vinicius tinha morrido, mas o Quarteto em Cy, que imprimiu seu vocal na gravação original, realizada entre 1965 e 1966, se reencontrou com Baden para participar de oito faixas. Dentre as mais de 20 canções que a dupla compôs com essa temática, há os clássicos Canto de Ossanha e Labareda, que fizeram parte do LP original dos afro-sambas. Baden também faz variações sobre Berimbau nesta revisita.
Depois que virou evangélico, Baden renegou sua obra-prima com Vinicius. Por sorte, ele as reinventou nessa empreitada, em mais um mergulho profundo nos mistérios dos ritos afro-brasileiros e seus orixás. A voz é pequena (e as "meninas" do Quarteto em Cy compensam), mas o violão fala por ele, percussivo, sofisticado, contundente, em arpejos vigorosos. Baden ainda regravaria outros clássicos da dupla, como Consolação e Samba da Bênção seis meses antes de morrer em 2000. O registro está no álbum Baden Plays Vinicius, lançado em 2007, um melancólico, solitário e pungente toque de adeus, igualmente imprescindível.
No CD dos afro-sambas, além do Quarteto em Cy, ele está acompanhado de uma banda de baixo, bateria, flauta e percussão. O encarte traz a reprodução de uma carta que Baden enviou a um tal Joel, explicando por que queria regravar esses temas: a qualidade sonora, disse ele, "era a pior naquele tempo" (anos 60), "só existiam dois canais em hi-fi". Ele lembra também que nos dias de gravação caiu um "temporal histórico" e que ele e Vinicius estavam encharcados mesmo era de uísque e cerveja. Tocavam e cantavam "com muita raça, mas também bastante bêbados".
Alguns desses afro-sambas estão no roteiro dos shows que Fabiana Cozza e Max de Castro fazem juntos de sexta a domingo no Sesc Vila Mariana.
Saravá!
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