Polícia Militar é expulsa do Pirajuçara

O humilhante despejo da base policial

Por Marco Pezão

Mesmo antes do término do decreto válido até dezembro de 2009, autorizando a permanência da base comunitária da Polícia Militar na Praça Luiz Gonzaga, o prefeito Evilásio Farias, dessa vez, falou e cumpriu ao mandar executar a ordem de despejo do posto militar. A base policial foi construída com o dinheiro dos comerciantes da região do Pirajuçara.
Na manhã de terça feira, 24 de junho, mesas, armários, geladeira, fogão, livros e artigos de escritório foram sendo amontoados na calçada sob olhares atônitos dos transeuntes e policiais militares que lá prestavam serviço: “Pior que despejo, é humilhante para nós o modo como conduziram a retirada da base”.
Os comentários contrários à ação são muitos. Uma moça se dirige a um policial e diz: “É dessa maneira que o prefeito gosta da gente”. A balconista da casa de salgados comenta: “A gente sempre vê pessoas sendo assaltadas depois que saem dos bancos. Se com a polícia na praça a segurança já não é boa, imagine sem ela?” Um senhor relembra: “Antes de instalarem a base, era comum encontrarmos gente morta na praça. Com eles aqui não aconteceu mais, mas agora eu temo que tudo volte a ser como era antigamente”. Ainda, o cidadão que passava carregando o filho no colo, constatou: “É um absurdo. É segurança do povo, principalmente porque têm os bancos. A praça vai virar uma zona”.
Contrariado, o senhor João Catarina, morador há 46 anos no bairro, se emociona ao falar: “Não podia tirar porque era a nossa segurança. Não só nossa como do comércio. Os bandidos agora vão agir conforme eles quiserem, aqui. Desculpe a expressão, tudo por culpa do prefeito que nós temos”.
Acompanhando o coro de reclamações, o vereador Savazzi, que já há algum tempo vinha denunciando a intenção do prefeito Evilásio, disse: “A gente está tentando reunir as forças da região. Conversando com os comerciantes que foram os realizadores da base comunitária, pra ver se há alguma atitude a ser tomada. Eu estou muito triste porque tenho certeza que a criminalidade na praça vai aumentar, e nos eventos, fatos violentos irão ocorrer. É uma irresponsabilidade do prefeito Evilásio a retirada desta base, sem apresentar uma alternativa de segurança para o local. O coração do Pirajuçara está sangrando, temendo pelo que pode vir acontecer”.
Também presente, o vereador Olívio Nóbrega comentou: “É um absurdo total a desmontagem desta base, que construída a pedido da comunidade, dos comerciantes. Isso mostra a falta de equilíbrio e insensatez do prefeito Evilásio. Ele tira a base da Polícia Militar, aqui bem localizada, coloca a guarda municipal no prédio ao lado do Cemur, local que poderia ser ambulatório, hospital de especialidades que o Governo do Estado ia oferecer. Quer dizer, ao invés de trazer segurança e serviço útil à população, ele inverte as bolas. Não tem explicação. É o total descontrole do poder executivo de Taboão da Serra”.

Para vereador, obra está superfaturada

Em andamento, a reforma da Praça Luiz Gonzaga requer que a base comunitária da PM seja demolida. O palco, ao fundo, que servia aos constantes shows já não existe. Não bastasse, a maior parte das árvores que rodeavam a praça foram arrancadas. Árvores antigas, adultas, o que se configura, a meu ver, crime ambiental. Ocupando doravante o espaço, a revitalização estende pela área o frio cimentado.
O vereador Dr Mauricio esteve no local e declarou: “É mais uma arbitrariedade do prefeito Evilásio. Ele não respeita o que os moradores querem, o que a população e a comunidade desejam. Ele está trazendo mais uma insegurança para o município. A cidade já está com altos índices de violência e ele tira a base comunitária da PM, que, ao menos, com a presença dos policiais, dava a sensação de segurança a esta região altamente comercial e populosa. O decreto que mantém a base comutária vence em dezembro de 2009, e o prefeito mais uma vez desrespeita o Poder Legislativo de Taboão da Serra. É um absurdo. É outra obra superfaturada. Pra fazer isso daqui, o engenheiro da obra comentava ao capitão que não gastava mais de 70.000 reais. A prefeitura vai gastar 480.000 reais pra não fazer absolutamente nada!”

Atualização: O montante citado pelo vereador refere-se à verba prevista para ser repasada pelo Governo Federal. A Prefeitura de Taboão gastará mais R$ 140 mil na reforma. Fotos: Marco Pezão

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