Com minha colega Goreth; ao fundo a cidade de Sandefjord - Foto: Trappa - 03.ago.2009 |
Ficamos lá de 2 a 11 de agosto passado. Meu problema não foi com as pessoas. Guardo com grata ternura a hospitalidade do meu novo amigo Roar Stentun e de seus pais, a senhora Reiddunn e o senhor Yngve Einar. A questão é que por trás do cenário de beleza, Sandefjord guarda um passado sangrento.
Criada em 1838 e hoje com 42 mil habitantes, a cidade está a 110 km ao sudoeste de Oslo.
A riqueza de Sandefjord foi construída com carnificina.
Por mais de um século, precisamente de 1850 ao final da década de 1960, ali foi o centro norueguês da matança de baleias. Os marinheiros de Sandefjord perseguiam as baleias desde o Pólo Norte até a Antártida.
A atividade baleeira era tão vertiginosa, que no final da década de 1920 aquela comuna ostentava uma frota com quase 100 barcos de caça e 15 navios-fábrica. Quase todos os braços da cidade eram ocupados em perseguir, arpoar e esquartejar os grandes cetáceos.
Os registros de 1954 apontam que na população total de 6.824 pessoas, 2.800 homens estavam empregados na caça à baleia.
Em 1968, Sandefjord aposentou seus arpões.
Como que para se redimir do massacre contra os maiores animais do planeta, Sandefjord mantém hoje o Museu dos Baleeiros (Hvalfangstmuseet). É o único museu da Europa especializado em baleias e na história sanguinária da baleação.
Quando fui visitar aquele museu, logo na portaria dei de cara com o arpão da foto à direita.
Me assaltou a memória o arpoador Queequeg e sua apavorante pontaria, personagem do formidável romance de Herman Melville.
Nem entrei lá.
Tenho a consciência tranquila com os parentes de Moby Dick.
Na entrada do Rica Park Hotel de Sandefjord, a exposição de uma mandíbula de baleia (foto acima) nos dá a dimensão colossal do bicho. Pertencia a uma baleia de 26 metros de comprimento e 100 toneladas. Ela foi assassinada em 1956 no sul do Atlântico pela tripulação do barco Kosmos III.
Centro de Sandefjord ostenta monumento (acima) aos matadores de baleias.
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