segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O quié que tá pegando, doutor Joaquim?

Todo o bafafá sobre as longas ausências do ministro Joaquim Barbosa no seu trabalho no Supremo Tribunal Federal (STF) tem um pano de fundo. Ele é o juiz-relator do processo sobre o mensalão do PT.
Em 3 de janeiro de 2010, fiquei em êxtase ao ler entrevista de Joaquim Barbosa n'O Globo. “Taí um nome íntegro pra presidente do Brasil!”, pensei feliz. Mas agora, o “hômi da capa preta” está pisando na bola...
O ministro diz que sua coluna vertebral está escangalhada. Que não pode ficar sentado por muito tempo. Daí, fica em casa por recomendação médica.
Mas 129 dias consecutivos afastado da labuta em 2010, mais os 60 dias que ficou “de boa” no ano passado, nos deixam cismados.
O jornal Estadão colocou a repórter Mariângela Gallucci e o fotógrafo Ed Ferreira pra seguirem as pisadas do doutor Joaquim. Eles flagraram o ministro em rigoroso repouso médico numa festa na noite da última 6ª-feira. E na manhã do sábado, lá estava o supremo magistrado num boteco-restaurante.
Olha aí o doutor Joaquim no último sabadão, trocando a maior idéia e tomando umas biritas no boteco-restaurante do Mercado Municipal da Asa Sul de Brasilia - Foto: Ed Ferreira / Agência Estado
Tempos atrás, o juiz Joaquim estava dando um rolê em Fortaleza, durante uma de suas licenças médicas. Foi visto saindo da padaria Bella Itália, na praia de Iracema, abraçado a uma garrafa de vinho importado.
Sinceramente. Doutor Joaquim é novo, 56 anos. Se está com o espinhaço estragado, conclua logo o processo do mensalão petista, e vá cuidar da saúde! Tenho a mais absoluta confiança que ele não aliviará para quadrilheiros de partidos políticos, sejam eles petistas ou tucanos.
Alguns membros do Supremo fazem chacota, dizendo que o que Joaquim sente nas costas é o peso da responsabilidade. O ministro Barbosa já provou grande capacidade de resistência e integridade. Não pode vacilar nesta questão de tramento médico entremeado com idas e vindas a baladas.
Ele diz que as esticadas a festas e bares são por conselho de seu médico. Enquanto isto, sobre sua mesa repousam 13.193 processos à espera de decisão. A Nação espera uma conclusão final sobre o processo do mensalão. E ele fazendo cara de paisagem...
Doutor Joaquim ficou puto com os repórteres que lhe deram o flagra no boteco. “Aspirantes a paparazzi e fabricantes de escândalos!”, vociferou, no melhor estilo Odorico Paraguaçú.
Não me venham com a mentiraiada esquerdista que Joaquim Barbosa está sendo perseguido porque é o primeiro negro nomeado pro STF. Antes dele, outros dois crioulos, também de Minas Gerais como o juiz Joaquim, chegaram lá. Em 1907 foi o mulato Pedro Lessa – ficou no cargo até morrer em 1921, sem alteração. Depois chegou a vez de Hermenegildo de Barros, mulato escuro baixinho e invocado. Extremamente caxias, não faltou um único dia nos 18 anos (1919 – 1937) que serviu no STF. Deu o cano no casamento da própria filha porque tinha sessão no Tribunal na data e hora do casório - mas isto não dá moral pro finado ministro escurinho: ele votou a favor da entrega de Olga Benário aos nazistas...
Por estas e por outras, é justo que entre uma festa e um boteco os brasileiros encostem o doutor Joaquim Barbosa na parede, e cantem pra ele os versos da famosa canção de Edu Lobo e Capinam: “Êi, você! Pra onde vai? De onde vem? Diga logo o que tem pra contar!!!”

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