quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Papo porreta com o poeta Pow

Ele nasceu Paulo, e um dos irmãos mais velhos o chamava de Paul.
O moleque cresceu, aprendeu a fazer versos, e trocou o apelido gringo por uma onomatopéia. Para o compositor Belchior “sons, palavras, são navalhas”. Nosso entrevistado prefere que sua poesia seja “porrada”. Daí o codinome Pow.
Decifrado o apelido, explico o título da postagem. O Dicionário Aurélio registra dois significados para porreta – um deles é: “muito bonito, lindo”. Reparando bem na foto ao lado, não é o caso... Outro sentido de porreta: “afável, simples e prestativo”. Aí, sim!
O pai de Pow, o pedreiro Oscar, veio da Bahia, terra de artistas como Jorge Amado, Dorival Caymmi. Sua mãe Anaíde, também baiana, nasceu num lugar com o nome romântico de Morro das Flores. O menino tinha, mesmo, de ser poeta.
Pow é “nêgo véio” nas quebradas do Pirajuçara. Cita as ruas não pelo nome atual, mas pelos números, como se estivéssemos nos tempos bíblicos (!!!). Seu umbigo foi enterrado há 36 anos na casa de número 144 da Rua José Paris, no Jardim Freitas Junior, onde vive até hoje.
Pow faz parte das primeiras gerações de rappers de Taboão da Serra. Numa homenagem que Nando Ruas lhe fez, os manos e as minas de agora escreveram gracejos carinhosos com a “ancestralidade” do poeta. “A gente sempre zoa com o Pow, dizendo que ele veio nas caravelas de Cabral. Mas sabemos da sua importância na cultura do hip-hop na nossa comunidade”, comenta Angelina Silva. O rapper Tadeu também tira sua casquinha - no maior respeito: “Meu avô sempre me dizia: ‘um dia você vai conhecer o Pow!’ (risos). Conviver com ele é mó satisfação”.
Pow no Bar do Carioca - Pirajuçara - entre cervejas e anotações para futuros poemas.
Foto: David da Silva
Antes de adestrar as mãos nas letras de rap, treinou seus pés na street-dance.

A violência urbana despertou nele a veia poética. Quando lhe perguntei qual a inspiração para sua primeira letra, baixou a cabeça, como se o pescoço vergasse ao peso de uma lembrança medonha.
Apóstolo da radicalidade, Pow cultivou por décadas uma juba rastafari enorme, que lhe valeu anos de “nãos” nas agências de empregos. Agora com trampo fixo, raspou careca, e diz que tá a fim de virar muçulmano. Vai vendo...
Nosso bate papo foi num buteco. Mas você vai ler a entrevista lá na nossa Barblioteca. Entre por aqui.

2 comentários:

Powemas Brasifericos disse...

Valew Davi gostei vo deixar um poema meu postado pra quem quiser ler



De tempo ao seu tempo
No clarão da lua
poemas traço;
retrato,num simples papel
da minha vida cotidiana;
Não acelerar o tempo esperar
o momento;
Agir com estratégia armada em pensamento;
encarar os problemas que abala seu espírito;
se esquivar dos conflitos que te deixam aflito;
Abrir caminhos entre espinhos de perturbações
mentais;
que te tiram a paz;
Entre poemas escrevo situações entre
acões e reações;
de um raciocínio que desarma a falta de entendimento
aniquilando o sofrimento de não querer saber;
Qual é seu querer? Se omitir desistir de você?
Ou provar que você é bem maior que seu próprio ser.

Fernando Marinho disse...

E isso ai Pow meu companheiro de rima e copo força e perseverança na batalha.