quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Luan em noite enluarada

Brahmeando com Bellini no Bar do Binho, vi chegar, pelas tantas, o poeta Luan Luando. Cerveja, não aceitou. Sentar conosco, não quis.
Foi se aboletar na mesa lá no canto elevado do boteco, no mirante, fortemente armado de papel e caneta.
Bellini e eu já estávamos ali há três garrafas e meia. E Luan escreve-que-escreve. Lembrei, divertido, dum samba do João Nogueira: “Puxei a cadeira / não bati mais papo. / Peguei a caneta e o guardanapo. / Passei o samba pro papel...”
Por magnífica coincidência, assim que acabou de ouvir os versos inéditos de Luan, Binho asseverou: “Isto dá uma bela letra prum lindo samba!”
O respeitável público está acostumado a ouvir Luan Luando engatilhado na artilharia verbal, disparando sobre a platéia atônita versos tsunâmicos, afroincandescentes.
Mas tem uma trincheira romântica no peito do jovem guerrilheiro das palavras. Uma certa doçura triste que é só pro gasto dele e das minas dele.
Vê só o que acontece quando Luan deixa rolar “a lágrima clara sobre a pele escura”:

Luan Luando em foto de Guma
“Adeus amor, adeus amor
Já amadureci de você
Já sou fruta madura
Já não preciso de suas mãos pra atravessar a rua
E os fluxos de nossas vidas
Já não são os mesmos
Por isso escrevo essa carta em branco
Manchada de gotas de lágrimas da nossa despedida
Adeus amor, adeus amor
Você já não está mais em meu coração
Te peço mil perdões
Que minha memória não fique nos úmidos porões do seu coração
Que não transforme nosso passado, amor, em mágoas
Pois nossas vidas juntas são águas passadas
Adeus amor, adeus amor”
O rascunho original do poema inédito de Luan Luando

2 comentários:

David da Silva disse...

O samba de João Nogueira citado na postagem é Wilson, Geraldo e Noel.
O verso "a lágrima clara sobe a pele escura" é de Caetano Veloso e Gilberto Gil em Desde que o samba é samba.

Binho disse...

Eu conheço eleeeeeee!! Menino de ouro!
Suzi