quinta-feira, 26 de maio de 2011

Anatomia de uma fraude

As diversas caras e bocas feitas pelos vereadores ao posarem para a foto da “diligência à Prefeitura”, na tarde de ontem, me lembrou imediatamente um famoso quadro do pintor holandês Rembrandt.
Na célebre pintura, os personagens estão sinceramente espantados com o que vêm n’A Lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp, pintada em 1632.
Na foto publicada hoje, as expressões dos políticos não convenceriam sequer a Velhinha de Taubaté – “a última pessoa no Brasil a acreditar no governo”, na sátira venenosa de Luiz Veríssimo.
Curioso também é que tanto na foto dos par(a)lamentares quanto na obra de Rembrandt, tem um sujeito distraído.
No quadro, o segundo aluno sentado da esquerda para a direita, olha para algo/alguém fora da tela.
Na foto, enquanto seus colegas colam no rosto expressões bem ensaiadas de espanto-nojo, um deles espicha o olho pra longe do objeto investigado.
No quadro, os personagens contemplam o cadáver de um ladrão.
Na foto, vereadores miram um computador – equipamento usado por ladrões da Prefeitura de Taboão da Serra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre a foto e a pintura, o editor do site realmente foi de grande perspicácia na análise de ambas.

Dentro desta lógica elouquente, é de se analizar que na história contemporânia, os fatos sempre se repetem. Mudam-se os personagens mas o enredo é sempre o mesmo.

Bandidos validos dos votos populares sempre acabam roubando a população.

Se o fotográfo tivesse pedido para os vereadores pousarem para a foto tentando imitar os personagens da tela, dificilmente teríam conseguido se aproximar tanto da gravura original.

É aquilo, passam-se os tempos, mudam-se os personagens, mas a essência da fraude sempre continua a mesma.