domingo, 8 de abril de 2012

As teias do meu amigo Aranha

Armênio Aranha - Foto: Acêrvo da Família
Em pé rente ao balcão, Ubirajara e eu inauguramos a amizade patrocinada pelo fotógrafo que nos apresentou.
Estávamos no Largo de Pinheiros, na pastelaria imortalizada pelo jornalista-escritor João Antônio no conto Malagueta, Perus e Bacanaço.
Ao saber onde moro, logo veio ao novo amigo a curiosidade sobre os candidatos a prefeito de Taboão da Serra. Rolava o ano de 1982. As capitais estavam impedidas pela ditadura militar de eleger prefeitos. Daí que paulistanos feito Ubirajara olhavam para mim, eleitor, como se eu fosse um extra-terráqueo.
Quando citei o candidato Armênio, a gargalhada explodiu no peito de Bira – depois do terceiro copo, amigos recentes já se tornam “de longa data”; chamam-se por apelidos diminutivos, corruptelas de nomes e outras folgas.
Contorcendo-se sobre o próprio abdome, Bira não continha a surpresa risonha: “O Armênio? Ah ah ah... Candidato??? Ah ah ah... Não é possível… O meu amigo “Sarrafo”??? ah ah ah”.
Tava desfeito o equívoco. O candidato Armênio era outra pessoa. “Sarrafo” era o apelido que Armênio Aranha carregava da juventude. Valente varzeano, jogava no setor defensivo. Ao atacante que se atrevesse, sobravam as vigorosas pernadas do zagueiro que “descia o sarrafo”.
Armênio Aranha foi caixa-executivo da tesouraria da Prefeitura de Taboão da Serra até a sua aposentadoria em 26 de março de 1993.
Tínhamos uma amizade antiga, sem muitas intimidades. Mas consistente feito a fortaleza delicada da teia da aranha. Me criei no bairro Jardim Helena onde Armênio foi dos primeiros moradores.
Eu pretendia gravar com ele umas memórias sobre a nossa cidade. Comunicado do estado de saúde do “Sarrafo” pelo seu neto Bruno Anderson, liguei para ele no final de novembro passado. Estava convalescendo de uma pneumonia... O tempo inexorável castigou meu vacilo por não perenizar em uma entrevista as lições de vida do pai dos meus amigos Russão, Sílvio, Carminho e Bá.
No último dia 3 de abril Armênio Aranha penetrou na esfera onde não se usam palavras.
Neste domingo de Páscoa será a missa de sétimo dia em intenção da sua alma, às 10 h da manhã, na Igreja Santa Terezinha.
Em homenagem ao velho amigo que já se foi, peço ao meu eterno imortal Baden Powell esta toccata de Johann Sebastian Bach.

5 comentários:

Anônimo disse...

Meus sentimentos à família . Que ele siga na paz de Deus.

Luiz Roberto dos Santos ( Luiz Manquinho) disse...

Cresci em meio aos filhos e sobrinhos de seu Aranha , minhas condolencias a familia Aranha .

fenólio disse...

Caro David,
peço licença para apoderar-me de suas palavras e rubricar tb seu texto "in memoriam" do "seu" Armênio, com quem convivi e tive o prazer de recebê-lo na minha querida Espírito Santo do Pinhal, para um jogo entre o CATS e o Pinhalense; "Seu" Armênio acompanhou de perto a instalação da EMI "Marquês de Rabicó" e depois sua transformação em EMEF "Cecília Meireles", na rua de sua casa, quando foi meu parceiro e orientador sobre o histórico das famílias e moradores do Jardim Helena. Deixa grande saudade. Meu abraço aos membros de sua querida família. Fenólio

Fábio disse...

Saudade do meu Avô, companheiro, amigo e acima de tudo professor !!! professor da vida, grande homem que junto ao seu filho mais velho (Carminho)meu pai, me ensinaram o caminho correto da vida ! Te amo eternamente meu querido Vovô !!!

*Obs: Fenólio, este jogo que você comentou, ele foi ver eu jogar, no campeonato paulista série B 2003,
Abraço.

Silvio Aranha disse...

Saudades ...!!