Rosane Balestra - Foto: Márcia Sofia Figueiredo |
por Rosane Balestra
Eu, meu filho e minha
filha. Somos só nós três.
Uma família 'ímpar', é o
que somos! - digo a eles. Eles riem.
Longe de ser esnobe, o
trocadilho serve como lenitivo nas horas difíceis.
Porque a vida da maioria
das famílias na Periferia tem muito dessas horas.
Então, temos esses
momentos, nós três, de falarmos das coisas que nos orgulhamos e que nos tornam
grandes. Coisas que ninguém nos tira.
Assim como não nos tirou
nunca, essa vida, o amor pela leitura. Ah, isso é tão nosso!
Desde sempre, claro, mas nos
apropriamos verdadeiramente dela, depois de sentirmos seu efeito dentro do
contexto da poesia na Periferia.
Conhecí os saraus e o
impacto disso em minha vida ricocheteou em meu mundo, e atingiu em cheio,
dentro dele, a minha família e meus amigos.
A poesia é um presente.
Cada um embrulha esse presente do seu jeito: com amor, com flor, com brilho ou
dor... mas sempre é 'doação'.
E não há como aceitar a
arte da poesia declamada tão viva, como é nos saraus da periferia e depois
permitir que a tirem.
É como tirar um pedaço da
vida de cada um que frequenta, compartilha e vive essa arte.
Nessa vida louca, onde a
maior parte de nós passa dias inteiros sem tempo pra lembrar que existe,
etiquetados que somos por uma sociedade que não sabe o nosso valor, só temos
aquilo que nos é presenteado, e que por nós interpretado, nos torna únicos. E
unidos.
Unidos na busca de espaço,
mesmo que comum, seja espaço conquistado, direito adquirido...
Direito à arte, ao culto
às palavras, à melodia na voz!
Porque a poesia na
Periferia é isso: falar com arte da dor de um povo, transformando com amor o
seu universo interior.
Fazendo-o ver-se em sua
forma mais bela, e ao ver-se dizendo: 'Eu sou!' - querer mais!
Petição on-line pela reabertura do Sarau do Binho. Assine aqui
2 comentários:
Bonito texto, David... parabenize a autora por mim. abs
Roro....q texto lindo......Parabêns..... pelo dom.... q Deus te proporcionou.... e a pequena está seguindo seus passos!!!!!
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