quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Lá onde Jussanam canta, e os corações fervilham

Cartaz de Jussanam em teatro da Islândia
Foto: Jaqueline Luque
As lições que o mundo deve aprender com o referendo votado no último sábado, 21 de outubro, na Islândia

Pode reparar. É difícil a gente ler notícias sobre a Islândia.
Não que a vida lá seja uma chatice. É que o islandês tem um modo de expor sua opinião dum jeito que é “mau exemplo” a nações afeitas a endeusar autoridades eleitas.
Em Reykjavik, capital do país, a opinião pública ferve. A cantora brasileira Jussanam vive naquela cidade desde fevereiro de 2008. O blog acompanha sua trajetória desde quando trocou o escaldante Rio de Janeiro pela terra gelada desbravada pelos vikings.
Em Reykjavík funciona o parlamento mais antigo do mundo. Desde o ano 930 – você leu certo!, há 1.082 anos - a população se reúne em assembleias ao ar livre para dizer às autoridades como as coisas devem ser.
Jussanam Dejah - Foto: Adam Topolski
No sábado passado, 21 de outubro, foi votado um referendo para mudar a Constituição, escrita em 1944. As novas regras constitucionais foram escolhidas em consulta por meio de redes sociais da internet.
O texto será refeito por um colegiado de 25 pessoas já escolhidas pelo povo, entre 500 candidatos. Políticos profissionais ficaram fora desta empreitada. O islandês exigiu que os redatores da nova Constituição não tenham vínculos e vícios partidários.

Jornalões de bico calado
Toda esta magnífica movimentação popular se resumiu a um despacho de seis parágrafos da agência Reuters, timidamente reproduzido por jornalões de papel e sites do planeta.
Para os donos do poder político e do monopólio da notícia, não é conveniente que povos de outros países façam um Ctrl+C na altivez islandesa...
Afinal, além de querer nova Constituição, o povo impediu pelo voto a privatização na exploração das riquezas naturais. E exigiu que pessoas sem filiação em partidos possam disputar eleições.
Jussanam fez turnê por 5 países da Escandinávia
Foto: Adam Topolski
Quer exemplo “pior” que este?
O povo da Islândia já tinha dito sonoro “não” ao governo em 2008. Autoridades fizeram a proposta indecente de a dívida financeira do país ser custeada pela população – cada islandês de qualquer idade pagaria 130 euros por mês durante 15 anos, para aliviar o débito gerado pela irresponsabilidade de banqueiros e políticos. Proposta recusada em referendo popular. Que ainda exigiu a estatização de todos os bancos. Alguns executivos foram parar na cadeia.
Foi também na base do “olho no olho” que a população da Islândia se levantou contra o Ministério do Interior, quando o governo quis mandar Jussanam de volta para o Brasil.
Mas isto você já leu aqui no blog – quem ainda não viu acesse

Em novembro Jussanam lança seu segundo CD gravado na Islândia. 
O primeiro foi dedicado à obra de Tom Jobim. Este novo traz composições da própria Jussanam e seus parceiros músicos europeus.
Ouça algumas das faixas aqui
A carreira internacional já está aplainada. 
Jussanam acaba de voltar de uma turnê pela Suécia, Finlândia, Dinamarca e Noruega.
Reykjavik, capital da Islândia, vista do alto da catedral - Foto: Reprodução | Wikipedia

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