Pirajuçara acusa prefeitura de não investir no transporte em Taboão da Serra

Foto: Eduardo Toledo

David da Silva

Em resposta às queixas contra os atrasos dos ônibus circulares, a Viação Pirajuçara culpou a Prefeitura de Taboão da Serra pelas falhas no serviço. “Falta empenho no transporte público da cidade”, escreveu em seu Twitter a empresa no início da madrugada desta 2ª-feira (14).

As 10 linhas do transporte coletivo municipal são operadas pelas viações Fervima e Pirajuçara, do mesmo grupo que opera as linhas intermunicipais. Os ônibus circulares, que carregam cerca de 1 milhão e 300 mil passageiros por mês, tiveram no último 1º de março aumento acima da inflação (16,3% de reajuste na tarifa contra o IPCA de 10,06%).

No final da tarde da 2ª-feira passada (7) uma passageira postou na rede social sua revolta: “Alô @vpirajucara, cadê os ônibus circular desse Taboão da Serra?? Esperando mais de 20 minutos no ponto e nada. Essas carcaças de ônibus valem 5,00?”, reclamou Ednea Ramos.

Ontem, domingo (13), outra munícipe fez coro às reclamações: “A demora parece já fazer parte da rotina neh?! Não é um dia ou outro não, infelizmente é essa a realidade do munícipe que depende das linhas circulares de Taboão da Serra. Eu sempre espero de 20 a 30 minutos”, diz o perfil de Ana C.M.S.

Nem um centavo

À 1h35 desta madrugada a Viação Pirajuçara escreveu no Twitter que congestionamentos impedem que seus ônibus cheguem nos pontos de passageiros no horário previsto. “As ocorrências operacionais [atrasos] são [decorrentes] a falta de investimentos de anos de prefeituras que não investiram nenhum centavo na mobilidade urbana da sua cidade, não investiram em uma faixa exclusiva para que seu ônibus pudesse estar sempre dentro da pontualidade e não preso em congestionamentos”, ataca a empresa.

Baixo investimento

Os números são eloquentes na questão viária de Taboão da Serra. Para o ano de 2022 a gestão Aprígio aumentou em 113% sua previsão de gastos com Comunicação e Propaganda. Já a Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana teve apenas 3% de acréscimo no seu orçamento (R$ 31.976.573,68 em 2021, e R$ 33.017.000,00 para 2022 = variação de 3,25%).

Ninguém quer?

Em maio de 2020 a Prefeitura de Taboão da Serra anunciou concorrência pública para os ônibus circulares. Mas no dia 29 de junho daquele ano foi assinada a renovação de contrato com o Grupo Pirajuçara até 2030.

Anteriormente, em 2015, com o contrato de concessão da Pirajuçara já expirado, a prefeitura tentou licitar o transporte coletivo, mas acabou por renovar em mais cinco anos o vínculo com a concessionária.

A Viação Pirajuçara disse na madrugada de hoje que “Entregamos as operações da cidade em 2016 e até então nenhuma empresa quis operar em Taboão da Serra, por isso os contratos emergenciais”.

Lucro alto

Para exemplificar a rentabilidade das linhas circulares, não vou considerar os dados de 2020 e 2021, quando a mobilidade estava profundamente impactada pela Covid-19.

Nas planilhas de 2019 vemos a demanda de cada linha:

Linha – Passageiros/mês

Circular 4 – 218.217

Circular 6 – 217.951

Circular 2 – 207.966

Circular 5 – 201.268

Circular 9 – 131.959

Circular 3 – 90.537

Circular 8 – 81.316

Circular 9.1 – 60.167

Circular 7 – 51.122

TOTAL = 1.260.503

FONTE: Secretaria de Transportes Taboão da Serra – Dezembro/2019

O serviço de ônibus circulares de Taboão da Serra tem gratuidade baixa: 10%, além de 4% de estudantes (meia passagem). Os 1.260.503 passageiros pagantes comprovam que o sistema de transporte coletivo municipal tem sustentabilidade.

O município tem apenas 20 km² de território, a maior densidade demográfica da América do Sul, e a linha de ônibus municipal mais longa (Circular 4) só tem 18 km.