segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Mini-salas e corte de árvores: reforma de escola gera polêmica

Árvores de 25 anos serão cortadas para encaixar novas salas entre dois telhados

David da Silva

Contrariando o Estudo Técnico Preliminar da Secretaria de Obras de Taboão da Serra, a reforma e ampliação da EMEF Paulo Freire está sendo feita durante o horário das aulas. A equipe de engenharia pontuou que o serviço “de preferência deverá ser realizado durante a noite, após horário de atendimento ao público, para não causar grandes transtornos [a professores e alunos] e possíveis acidentes a quem estiver no entorno”.

O blog sobrevoou a escola na manhã desta 2ª-feira (9). Havia movimentação no telhado das salas 10 e 11. Segundo uma fonte, no início do destelhamento das salas no final do mês passado as crianças eram mandadas para casa. “Foi feita reunião pedindo [nossa] compreensão. A diretora mandou bilhetes de acordo com a obra. A dispensa é por conta dos telhados”, informou no último dia 29 o pai de uma aluna.

Dinheiro de fora

A prefeitura não investiu verba própria na reforma da escola. Foi pego R$ 1 milhão do Orçamento do Estado, cabendo ao governo municipal o restante. O custo total é de R$ 1.065.309,30.

Segundo a planilha orçamentária, são 1.645,64 m² de troca das telhas cerâmica por telhas onduladas.

Serão levantadas três novas salas de aula com 28 m² cada uma. Para construí-las, haverá a derrubada de árvores plantadas 25 anos atrás.

Transformações

No dia 19 deste mês, vai fazer exatos 25 anos que a EMEF Paulo Freire passou por uma grande transformação.

Ela nasceu como Escola Municipal Penadinho, criada pelo decreto nº 16 de 03.março.1996 do ex-prefeito Buscarini, e era destinada à educação infantil.

Com a municipalização do ensino fundamental, o decreto nº 56, de 31.julho.1998, mudou a denominação para EMEF Paulo Freire.

Em 19.set.1999, o ex-prefeito Fernando Fernandes e o secretário da Educação Antonio Carlos Fenólio inauguraram novas dependências da escola que hoje tem 9 salas com 51 m², e 3 salas com 34 m², 46 m² e 49 m², respectivamente.

O pequeno tamanho das três novas salas com apenas 28 m² gera polêmica (e até ironia). “É para aproveitar melhor o espaço. Os alunos assistirão às aulas em pé”, satiriza um engenheiro aposentado da Prefeitura de Taboão.

“Quando você pensa que já viu de tudo, ele aparece com uma ação pior. Não é possível isso, será que ninguém pensa nessa gestão, será que ninguém ouviu falar em Gestão de Projetos?”, critica a munícipe Maria Izabel Mariano, pós-graduada em Controle Social das Políticas Públicas.

A professora Sandra Lima observa que “uma sala para 35 alunos precisa ter, no mínimo, 49 m², já diziam os engenheiros da Conesp (Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo) quando eu acompanhei a construção da escola Armando Andrade”, relembra Lima, que entrou na Educação Municipal em março/1978, e dirigiu as EMIs Mônica e Chico Bento, a EMEF Ugo Arduini e a EMEB Darcy Ribeiro. “Também fiz o acompanhamento da construção da EMEF Antonio Fenólio”, recorda.

OUTRO LADO

O ex-secretário executivo da Secretaria Municipal da Educação Orderlan Souza, que obteve a verba para a reforma por meio de emenda do deputado estadual Jorge Carmo (PT), defende que o tamanho reduzido das três novas salas “é por conta do espaço físico do terreno. Se a estrutura da escola tivesse condições para verticalizar, elas seriam maiores”.

Quanto à derrubada das árvores, “o projeto prevê o plantio em outras áreas da escola onde é possível”, alega o ex-secretário.

Na seta, telhas trocadas no horário letivo - Fotos: bar&lanches taboão - 09.set.2024


3 comentários:

Anônimo disse...

Segue a íntegra do que consta no Estudo Técnico Preliminar em questão:

" 04-O PRAZO DE EXECUÇÃO TOTAL SERÁ DE 150 DIAS CONTADOS DA ORDEM DE INÍCIO QUE SERÁ EMITIDA PELA SECRETARIA DE OBRAS E INFRAESTRUTURA, MAS INDEPENDENTE DESTE PRAZO QUE SERÁ O TOTAL PARA EXECUÇÃO DE TODAS AS OBRAS EM QUESTÃO, SERÁ NECESSÁRIO QUE ESTAS SEJAM EXECUTADAS O MAIS BREVE POSSÍVEL COM O INTUITO DE NÃO ATRAPALHAR MUITO A OPERACIONALIDADE DO LOCAL, PORTANTO DE PREFERÊNCIA DEVERÁ SER REALIZADO DURANTE A NOITE APÓS HORÁRIO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO OU EM HORÁRIO A SER DEFINIDO PELO FISCAL DO CONTRATO E TAMBÉM PODERÁ SER DEFINIDO EM DIAS QUE SERÃO MAIS PROPÍCIOS PARA A EXECUÇÃO, PARA NÃO CAUSAR GRANDES TRANSTORNOS E POSSÍVEIS ACIDENTES AS PESSOAS QUE ESTÃO UTILIZANDO O EQUIPAMENTO PÚBLICO; "

Pode-se perceber que no contexto real, consta a palavra " preferencialmente " e também que o horário de execução será definido pelo Fiscal do Contrato, que com certeza, este deve saber qual o horário será mais adequado para a execução.

Anônimo disse...

Estamos andando de RÉ, tirando as árvores e as telhas de cerâmicas só vai aumentar a temperatura no local, parabéns para os engenheiros.

David da Silva disse...

A preferência de horário da obra foi destacada no parágrafo inicial da reportagem. A advertência sobre transtornos, e a responsabilidade da SEDUC, está ressaltada por 4 vezes no documento 002-28873-23-ETP, principalmente no trecho: "UMA INTERDEPENDÊNCIA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A QUAL INDICARÁ OS DIAS E HORÁRIOS MAIS ADEQUADOS PARA A INTERVENÇÃO DAS OBRAS, OU SEJA, OCASIÕES MAIS PROPÍCIAS PARA A EXECUÇÃO, PARA NÃO CAUSAR GRANDES TRANSTORNOS E POSSÍVEIS ACIDENTES A QUEM ESTIVER NO ENTORNO".