Eu tinha exatos 20 anos, quando comprei numa livraria ao lado da antiga rodoviária Julio Prestes a obra Si me permiten hablar... Naquele 1977, faltando ainda 8 anos pra ditadura militar brasileira entregar os pontos, era uma aventura comprar este tipo de livro.
Recomendo a todos que se metem a falar em direitos femininos, que leiam primeiro a história de Domitila Barrios Chungara. E sua trepidante intervenção na Tribuna do Ano Internacional da Mulher, organizada pela ONU em 1975 no México. Domitila era a única mulher da classe trabalhadora ali presente.
Mulher de um operário das minas de Cochabamba, na Bolívia, Domitila falou da desumana condição de vida de sua pátria. A representante da delegação do México desdenhou: “Falaremos de nós, senhora... Nós somos mulheres. Olhe senhora, esqueça-se do sofrimento do seu povo. Por um momento, esqueça-se dos massacres. Já falamos bastante disto. Já a ouvimos bastante. Falaremos de nós... da senhora e de mim... da mulher, pois."
A humilde e valorosa filha dos altiplanos retumbou: "Muito bem, falaremos das duas. Mas, se me permite falar...” e Domitila (na foto à esq) esmagou a mexicana pedante, ao expor toda a miséria e violência que se abate sobre suas hermanas. E arremata com palavras escritas com lava de vulcão: “Então, de qual igualdade entre nós vamos falar? Se a senhora e eu não nos parecemos, se somos tão diferentes? Nós não podemos, neste momento, ser iguais, ainda como mulheres, não lhe parece?"Domitila narrou sua saga para a brasileira gaúcha (de Caxias do Sul) Moema Libera Viezzer, doutora em Sociologia, mestra especializada em Gênero e Meio Ambiente, e fundadora da Rede Mulher de Educação.
A idéia de implantar o projeto de promotoras legais populares no Brasil, surgiu em 1992, durante um seminário latino americano, com base em experiências do Peru, Argentina e Chile. O trabalho pioneiro no país foi do Grupo Thêmis, de Porto Alegre (RS). Em São Paulo, a iniciativa chegou em 1994.Clique sobre o convite para ler o nome das formandas, e detalhes da festa.
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