domingo, 19 de março de 2023

Aprígio põe coleta de entulho ao lado de escola; obra de 100 m² custa R$ 350 mil

Escola Machado de Assis (à esq) vizinha ao lugar escolhido pela gestão municipal para descartar entulhos
David da Silva

A Prefeitura de Taboão da Serra escolheu um pequeno espaço para depositar entulhos, móveis velhos, papéis, papelões e outros materiais recicláveis ao lado da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Machado de Assis, no Jardim Trianon. O local tem apenas 140 metros quadrados, mas a instalação do ecoponto foi contratada por cerca de R$ 350 mil.

A Resolute Engenharia cobrou R$ 347.827,36 para construir um piso concretado de 101 metros quadrados, uma guarita e um banheiro. O preço da empreiteira foi o mesmo estipulado pela gestão Aprígio na tomada de preços T-010/22 – administrativo 36172/22 – que no item 2.2 diz: “O valor global estimado máximo admissível para a execução deste serviço é de R$ 347.827,36".

O contrato foi assinado no último dia 6 de março.

Maior e mais barato

O ecoponto inaugurado no último sábado (18) dentro da Usina da Prefeitura é maior do que o que está em andamento no Jardim Trianon. E custou bem menos. Com a frente voltada para a Rua José Milani, o Ecoponto do Jardim Irapuã saiu por R$ 194.983,75.

Sem abuso

O volume diário que um munícipe pode descartar no ecoponto está regulamentado pela lei nº 2305/2019, assinada pelo ex-prefeito Fernando Fernandes em 21 de agosto de 2019. Cada morador tem direito a descarregar 2 m³ (equivalente a 20 sacos de lixo de 100 litros).

Em 2008, o ex-prefeito Evilásio Farias instalou oito pontos de entrega voluntária de resíduos reaproveitáveis. Mas, dois anos depois abandonou o projeto alegando mau uso por parte de algumas pessoas.

O que pode ser entregue no Ecoponto:

– entulho e restos de reforma e construções;

– móveis e eletrodomésticos velhos;

– resíduos recicláveis, como papéis, vidros, plásticos e metal

O que não pode:

– lixo doméstico, como resíduo úmido e resto de alimentos;

– medicamentos e resíduos de serviços de saúde;

– animais mortos;

– resíduos industriais, como óleo automotivo

Até o momento desta publicação, a prefeitura não divulgou os dias e horários de funcionamento do ecoponto inaugurado neste final de semana.

Situação atual do terreno do ecoponto Jardim Trianon

Planta baixa do ecoponto do Jardim Trianon
Fonte: Prefeitura de Taboão da Serra

domingo, 1 de janeiro de 2023

Aprígio vai à Justiça contra a Câmara por não votar orçamento, e pede que novo presidente não tome posse

 David da Silva

 O prefeito de Taboão da Serra entrou com mandado de segurança, com pedido de liminar, contra a Câmara Municipal porque ela não votou o Orçamento 2023 dentro do prazo. Aprígio alega que os vereadores se utilizam de trapaças e manobras “para não procederem a votação da Lei do Orçamento Anual”. A prefeitura também pede que a nova Mesa Diretora do Legislativo tenha suspensa a sua posse, prevista para ocorrer no dia de hoje, 1º de janeiro.

O Orçamento/2023 foi enviado aos vereadores em 30 de setembro. Segundo a prefeitura, o projeto deveria ser votado até 30 de novembro.

Ocorre que o presidente da Câmara, Carlos Pereira da Silva, o Carlinhos do Leme, só colocou o orçamento em votação na última 5ª-feira (29).

A prefeitura acionou a Justiça na 6ª-feira (30), pedindo que o ano legislativo de 2022 só seja encerrado após a votação final do Orçamento 2023, e que o presidente eleito André Egydio só tome posse depois de o orçamento ter sido votado.

O episódio atual repete o que aconteceu em Taboão da Serra nas viradas dos anos 2018-2019 e 2019-2020, quando a quizumba entre prefeito e vereadores foi parar no Fórum.

MP é contra

O promotor de Justiça Rodrigo Otávio Frank de Araújo não vê motivos para a concessão da liminar solicitada pelo prefeito, pois “não se vislumbra a violação direito líquido e certo que demande medida excepcional”. O representante do Ministério Público também chamou a Prefeitura de “inerte [pois] apenas ingressou com o remédio constitucional [mandado de segurança] no último dia do ano”.

Liminar parcial

O magistrado Udo Wolff Dick Appolo do Amaral, do plantão judiciário, atendeu o pedido de liminar, determinando que Carlinhos do Leme “não encerre a sessão legislativa vigente até que seja aprovada a Lei Orçamentária Anual”.

O juiz não determinou explicitamente, no entanto, a proibição da posse da nova Mesa Diretora da Câmara: “Deixo de analisar os demais pedidos liminares, uma vez que são corolário lógico do pleito acolhido”.

O número do processo judicial é 1000102-95.2022.8.26.0628

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Justiça obriga Prefeitura de Taboão a, em 3 anos, resolver problema das enchentes

Moradores contemplam enchente ao lado do Largo do Taboão - Foto: Eduardo Annibal - março/2015

David da Silva

A 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que as prefeituras de Taboão da Serra, Embu das Artes e São Paulo apresentem, em 180 dias após a conclusão do processo judicial, projeto para conter as cheias do Córrego Pirajuçara, que percorre os limites entre os três municípios. A determinação abrange também o governo estadual. O acórdão foi assinado no último dia 19 de setembro.

A ação judicial foi movida pela Defensoria Pública, segundo a qual “não se pode admitir que o poder público, a pretexto de ausência de recursos orçamentários, deixe de cumprir a norma constitucional do direito à saúde”. Os constantes transbordamentos do Córrego Pirajuçara têm impacto terrível na vida de milhares de pessoas que habitam as áreas limítrofres entre Taboão, Embu das Artes e a capital paulista.

A sentença do TJ-SP se deu por unanimidade. Os três municípios têm o prazo de três anos para licitar e executar as obras.

Ainda segundo a ordem judicial, as famílias que precisarem ser removidas no período da execução dos serviços deverão ser reassentadas em áreas próximas às quais estão morando atualmente.

Chega de desculpas

No entender dos desembargadores, “a injustificada demora dos prefeitos para realizar as obras antienchentes autoriza o Poder Judiciário a tomar medidas que garantam às populações antigidas pelas águas o acesso à moradia digna e meio ambiente saudável”.

Processo judicial nº 1032252-50.2018.8.26.0053

domingo, 11 de setembro de 2022

Violência sexual em escolas de Taboão da Serra

O blog analisou o período de 2018 a maio/2022

David da Silva

Nos últimos quatro anos, o município de Taboão da Serra registrou 13 casos de estupros e importunações sexuais dentro de estabelecimentos de ensino. Levantamento do blog bar & lanches taboão aponta casos ocorridos em escolas de ensino fundamental, ensino médio, escola de música e até berçário/creche. O período averiguado vai de 2018 a maio/2022. Nos primeiros cinco meses deste ano, houve três importunações sexuais e um estupro de vulnerável em lugares aonde crianças são levadas para estudar e serem cuidadas, e não violentadas.

Números infelizes

Nos 13 casos levantados pelo blog, dois deles – um em novembro/2017 dentro de escola de ensino fundamental, outro em agosto/2018 em escola de ensino médio – foram importunação ofensiva ao pudor.

Um caso grave enquadrado no artigo 213 do Código Penal (constranger mediante violência ou ameaça a ter conjunção carnal ou ato libidinoso), aconteceu no dia 17 de setembro de 2020 dentro de uma escola de ensino fundamental na área do 2º Distrito Policial, região do Pirajuçara.

A importunação sexual apareceu quatro vezes no período investigado. Esse ato infracional foi adicionado ao Código Penal em setembro de 2018. É conduta ofensiva menos grave que o estupro, mas prevê pena de 1 a 5 anos. Abrange também a divulgação de cena de sexo. Ela ocorreu uma vez em 30 de maio de 2019 em escola de ensino fundamental na área do 2º DP, e três vezes em 2022, nos dias 3 de fevereiro (escola de ensino fundamental), 4 de fevereiro (ensino médio), e 10 de maio (ensino fundamental), todas na área do 1º DP.

Casos mais encontrados nesta contabilidade de números infelizes em Taboão da Serra, foram seis estupros de vulnerável, ocorridos em julho/2018 (escola não especificada); abril e junho/2019 – ambos em berçários/creches; fevereiro/2021 em escola de música na área do 1º DP; outubro/2021 em escola não especificada na área do 1º DP, e em 1º de fevereiro de 2022 em um berçário/creche na área do 1º DP.

Para não prejudicar investigações ainda em andamento, não se divulgam detalhes dos casos, nem o nome da escola.

Brevidade

Algumas denúncias são levadas à polícia muito tempo depois da data do fato.

Uma importunação ofensiva ao pudor ocorrida em escola do ensino fundamental no dia 24 de novembro de 2017, só teve B.O. aberto no 2º DP em 6 de março do ano seguinte.

Um estupro de vulnerável em escola de música, no dia 1 de fevereiro de 2021, só foi informado ao 1º DP em 26 de julho.

Mas, nos últimos meses houve mais brevidade nas comunicações dos crimes. Todas as quatro ocorrências de janeiro a maio deste ano, foram registradas no mesmo mês e até no mesmo dia, como um estupro de vulnerável dentro de um berçário/creche registrado no 1º DP em 1º de fevereiro.

Del.Pol.

Data

Crime

Escola

2º D.P.

24/11/17

importunação ofensiva ao pudor*

ens. fund.

2º D.P.

25/07/18

estupro de vulnerável

não especif.

2º D.P.

14/08/18

importunação ofensiva ao pudor

ens. médio

2º D.P.

30/05/19

importunação sexual

ens. fund.

2º D.P.

12/04/19

estupro de vulnerável

berçário-creche

1º D.P.

14/06/19

estupro de vulnerável

berçário-creche

2º D.P.

17/09/20

estupro

ens. fund.

1º D.P.

01/02/21

estupro de vulnerável

escola música

1º D.P.

27/10/21

estupro de vulnerável

não especif.

1º D.P.

01/02/22

estupro de vulnerável

berçário-creche

1º D.P.

03/02/22

importunação sexual

ens. fund.

1º D.P.

02/04/22

importunação sexual

ens. médio

1º D.P.

10/05/22

importunação sexual

ens. fund.

FONTE: Secretaria da Segurança Pública do Estado de SP – agência Fiquem Sabendo - Lei de Acesso à Informação

* B.O. aberto em 06/03/2018

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Irmã de Bolsonaro ganhou área da prefeitura e vendeu ao prefeito

Terreno de 869 m² foi vendido seis meses depois de Denise Bolsonaro receber o título de propriedade

David da Silva

O fato de ser dona de uma rede de lojas de móveis e eletrodomésticos com 14 filiais, não impediu Maria Denise Bolsonaro Campos de ser incluída em uma lista de pessoas sem posses, no município mais pobre do Vale do Ribeira. Em junho de 2015, por meio da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), ela ganhou uma área de 869 m² que pertencia à Prefeitura de Barra do Turvo (SP). Seis meses depois, vendeu o imóvel para o atual prefeito da cidade.

Eu fui a Barra do Turvo em 17.fev.2019 para conferir pessoalmente essa história que a princípio me pareceu improvável. O terreno de 869,28 m² fica a 90 metros da prefeitura. A Fundação Itesp me forneceu a relação das 61 pessoas que ganharam título de propriedade no dia 26 de junho de 2015; Denise Bolsonaro estava entre os beneficiados. Tirei cópia da escritura no Registro de Imóveis de Jacupiranga (SP), sede da comarca que engloba Barra do Turvo.

O Programa Minha Terra “é voltado a pequenos posseiros da cidade ou do campo que, devido à insegurança dominial sobre os imóveis que ocupam, convivem com conflitos pelo uso e posse da terra”.

Por quê uma proprietária de 14 lojas foi aceita nesse programa social como se fosse uma desvalida, é um assunto que as autoridades ainda precisam esclarecer. Denise Bolsonaro não era posseira daquela área com quase 900 m², e nunca morou em Barra do Turvo. O patrimônio dela e José Orestes, com quem se casou em 1980, teve início no município de Eldorado (SP). Há cinco anos Denise se separou, e hoje reside na fazenda de cultivo de bananas de sua propriedade, na localidade Serra do Sidow, em Eldorado. Ela e José Orestes ainda não estão divorciados, e brigam na Justiça pela partilha dos bens. Em janeiro de 2018, ele comprou uma mansão de 20 mil m² em Cajati, e pagou em dinheiro vivo R$ 2,67 milhões (R$ 3,47 milhões hoje, corrigidos pelo IPCA).

“Sem terra” milionária

Pesquisa rápida na Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo evidencia mais o absurdo da inclusão de Maria Denise na concessão de  terras devolutas municipais em Barra do Turvo. Foram encontrados no seu CPF 12 imóveis, entre eles uma casa de 762,5 m² em Jacupiranga, um terreno de 190,48 m² em Pariquera-Açu, um terreno de 941,96 m² também em Jacupiranga, e outros imóveis em Itanhaém, Eldorado e Miracatu, todos no Vale do Ribeira.

Política sem tédio

Quando comprou o terreno que Denise Bolsonaro ganhou da Prefeitura de Barra do Turvo, o médico Jefferson Luiz Martins ainda não era prefeito daquele município, mas já tinha ‘rodagem’ na política local. Foi candidato a vice-prefeito derrotado numa eleição suplementar em 2005, perdeu a disputa de prefeito em 2008, se elegeu prefeito em 2016, e foi reeleito em 2020 com 208 votos de diferença da adversária Eliana, que teve 2.407 votos.

Votação apertada e aborrecimentos políticos não são novidade em Barra do Turvo. Na eleição do primeiro prefeito em novembro de 1964, houve empate, e assumiu o mais velho. Em setembro de 2012, a prefeita Rosangela Rosária teve o mandato cassado por improbidade administrativa. Em maio de 2016, o prefeito Henrique da Mota Barbosa foi afastado por decisão judicial.

Até na batalha presidencial essa cidade gosta de fortes emoções. No 1º turno de 2020, Haddad ganhou com 1.626 votos contra 1.383 do principal oponente. No 2º turno, Bolsonaro virou o jogo mas teve apenas 44 votos a mais: 1.846 x 1.802.

Barra do Turvo é o último município paulista pela BR-116 no sentido de quem vai para o Sul do país. Seu núcleo urbano é enlaçado de um lado pelo Rio Turvo, e do outro, pelo Rio Pardo. O encontro das duas águas dá origem ao nome do lugar. Na outra margem do rio, é o Paraná.

O município está mais perto de Curitiba (83 km) do que da capital São Paulo – a 320 km de distância.

Dos seus 7.659 habitantes, a maioria (4.555) vive na zona rural.

Multiplicação

A rede de lojas Campos Mais teve crescimento vertiginoso a partir de 2005, quando no mesmo ano foram abertas três novas portas, duas delas inauguradas no mesmo dia em duas cidades diferentes – aconteceu o mesmo em 2015. A multiplicação de filiais, no entanto, não chegou a Barra do Turvo, onde a empresária conseguiu tranquilamente se infiltrar em uma lista de pessoas pobres. Nenhum dos moradores com quem conversei soube me dizer quem era ela. Perguntei a um vizinho sobre o dono do terreno na Rua Bertolino Cândido de Abreu; ele disse laconicamente: “É da prefeitura”.

A rede de lojas de José Orestes e Denise Bolsonaro:

Cidade

Endereço

Abertura

Eldorado

Avenida Marechal Castelo Branco, 311

18/06/1986

Pedro de Toledo

Avenida Américo Nicollini, 209

19/08/2005

Miracatu

Avenida Dona Evarista de Castro, 238

19/08/2005

Iguape

Rua 9 de Julho, 220

28/11/2005

Jacupiranga

Rua João Berange Martins, 199

31/08/2006

Itariri 

Avenida José Ferreira Franco, 367

16/10/2007

Pariquera-Açu

Avenida Dr. Carlos Botelho, 652

16/10/2007

Juquiá

Rua Martins Coelho, 201

12/08/2009

Cajati

Rua Joaquim Seabra de Oliveira, 544

18/08/2010

Sete Barras

Rua Castelo Branco, 115

11/04/2013

Cananéia

Rua Silvino de Araújo, 221

28/04/2015

Miracatu

Rua Tenente José Públio Ribeiro, 130

12/11/2015

Ilha Comprida

Avenida Beira Mar, 12.754

12/11/2015

Jacupiranga

Avenida Vitório Ongaratto, 816

10/07/2017

A loja nº 1 em Eldorado (SP)
Filial de Jacupiranga, uma das 14 lojas no Vale do Ribeira

Por ainda estar casada no papel, Maria Denise Bolsonaro Campos também tem direito à metade da empresa Campos Incorporadora, Construtora e Administradora de Bens Ltda, criada por José Orestes Fonseca Campos em outubro de 2017, instalada no número 66 da Rua Hum, no bairro Vila Industrial, em Cajati.

Abaixo, situação do terreno em foto de satélite neste ano de 2022:

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Justiça manda eliminar 800 cargos livre-nomeados na Prefeitura de Taboão da Serra

 

do site Consultor Jurídico

Por considerar que atividades corriqueiras devem ser desenvolvidas por servidores públicos, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que quase 800 cargos em comissão na Prefeitura de Taboão da Serra são inconstitucionais e que o município deve implementar uma nova estrutura administrativa.

Os cargos envolvem funções como diretor de escola, assessor técnico de gabinete, coordenador de prevenção, chefe de setor de enfermagem, gerente de equipamento de saúde, entre outros. A ação direta de inconstitucionalidade foi proposta pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo.

O relator, desembargador Moacir Peres, entendeu que "os cargos comissionados ora impugnados se destinam à execução de funções técnicas, que deveriam ser exercidas por servidores de carreira, por não se referirem a atribuições de direção, chefia ou assessoramento".

Dessa forma, Peres analisou que "as atribuições descritas não refletem situações de direção, chefia ou assessoramento, senão atividades burocráticas cotidianas, atinentes ao serviço público ordinário, que deve ser prestado, portanto, por servidor público efetivo".

O desembargador ainda considerou que "não se vislumbra, nas atividades descritas, a necessidade de especial relação de confiança entre o servidor e seu superior hierárquico, ainda que a lei expressamente se refira a ela".

Por fim, o relator ressaltou que "os cargos comissionados elencados pelo autor da ação, inobstante o emprego de verbos como 'assessorar', 'coordenar' e 'supervisionar' em sua descrição, não se enquadram na moldura constitucional para provimento comissionado".

Leia a decisão judicial aqui

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Situação do cemitério é condenada por moradores de Taboão

Detalhes do cemitério: mar/2022 e ago/2022. 
Críticas continuam, com denúncias graves

David da Silva

Um desabafo de munícipe postado em 30 de março deste ano, desencadeou uma avalanche de comentários sobre a conservação e limpeza do Cemitério da Saudade, único local público para sepultamentos em Taboão da Serra. Na última 4ª-feira (24), nova saraivada de críticas quando a gestão do órgão convidou “a todos a tomarem um café com o diretor [do cemitério] e caminhar pelo local para constatar os bons cuidados”.

O blog analisou os 748 comentários feitos no Facebook até as 4h19 da madrugada de hoje nos dois posts sobre o assunto publicados pela página O Grito – Taboão da Serra.

Má-nutenção

Entre as denúncias mais graves, mau cheiro emanando de alguns túmulos sem vedação adequada. “Há um mês enterramos meu padrasto, e no local onde foi enterrado [em] algumas gavetas próximas havia líquido saindo do túmulo, um cheiro insuportável”, comentou Amanda Moreira em 14 de junho. Dois meses depois, Adriana Gomes passou pelo mesmo desconforto: “Minha mãe foi enterrada no dia 13. Na hora de colocar o caixão na urna, não conseguimos nem nos despedir dela, um cheiro horrível, muito mosquito, sujeira demais”, escreveu no comentário de 25 de agosto.

As reações não são boas quando o diretor convida pessoas a tomar café no cemitério e passear por entre os túmulos “para constatar bons cuidados”. “Não foi isso que eu e minha família presenciou no sepultamento do meu sogro. Não conseguimos chegar perto do túmulo dele por forte odor no local”, comentou em 24 de agosto o perfil “Erica X Caio”. No dia 17 de junho a moradora Júlia Luna também havia denunciado: “Está um nojo, completamente abandonado. Minha vózinha foi velada lá há um mês, e foi quase impossível acompanhar até o gaveteiro, pois o mau cheiro estava insuportável”.

Remorso

Nas botões de reações das publicações d’O Grito sobre o cemitério taboanense, houve 308 manifestações de tristeza, e 265, de raiva. As postagens foram compartilhadas 1.463 vezes.

Dois comentários chamam a atenção do blog, pelo transtorno psicológico que a situação do cemitério provoca em alguns parentes. “Três meses atrás enterramos minha vó nesse cemitério, e como não bastasse enterrar uma pessoa que amamos muito, tivemos que passar pela dor do remorso por estar enterrando minha avó em um lugar completamente abandonado”, lamenta Graciella Moreno em comentário postado em 24 de agosto. “Espero mesmo que agora estejam sendo feitas manutenções diárias e que ninguém mais passe pelo que eu e meus familiares passamos”, completa.

Ana Carolina Moreira manifesta o mesmo sentimento: “Um lado [do cemitério] se não me engano o esquerdo, está arrumado. Mas, o lado direito lá em cima onde minha mãe foi enterrada há três meses está feio. Entulho, buracos,  as gavetas mal fechadas com muitas moscas e bichinhos voando na gente. Todo mundo abanando as mãos para sair do rosto. Fiquei muito triste em não poder colocar minha mãe em um lugar mais arrumadinho”.

Jogados fora

Além dos túmulos mal vedados com chorume de cadáveres escorrendo por fendas das gavetas situadas acima do solo, moradores também reclamam da destinação dos ossos dos seus mortos. Valdívio do Nascimento Gomes, o Bil, diretor do cemitério, afirma que “referente a exumação, [elas] são determinadas pela Lei Orgânica do Município, e apresentadas no Diário Oficial”.

Porém, a lei complementar nº 199, de 18.dez.2009, determina que os avisos de exumação por meio da Imprensa Oficial ocorram quando a notificação pessoalmente ou por carta registrada com Aviso de Recebimento não der resultado. Segundo o parágrafo 4º do artigo 12 dessa lei, depois de 30 dias da notificação não atendida “os restos mortais serão depositados no ossário geral”, o tristemente famoso “poço dos ossos”.

A lacuna na comunicação entre cemitério e familiares foi detectada pelo blog. Francisco Wilson do Nascimento relata que “tenho uma gaveta lá [no Cemitério da Saudade] e tá no nome da minha irmã falecida, e trataram os ossos dela e jogaram no poço sem avisar ninguém”, comentou em 24 de agosto. Em 23 de junho passado, Ariana Rodrigues se queixou que “jogaram os ossos do meu tio fora, nem comunicaram a família”. No mesmo dia Neuza Matos relatou: “Sumiram com a lápide, quando a gente foi atrás, nem sabia onde meu pai e minha mãe estavam enterrados, jogaram o osso no poço”.

Mato em cima de túmulos. Foto: Lúcia Florentino - 16.abril.2022

Triste paisagem

A conservação do Cemitério da Saudade desperta nos moradores dons jornalísticos. Em abril a munícipe Lúcia Florentino postou em seu facebook uma série de fotos do local, com túmulos cobertos pelo mato.

Em 18.agosto.2022 foi a vez da moradora Eliana Souza registrar em vídeo as gavetas com vazamentos de necrochorume, líquido resultante do processo de decomposição de cadáveres.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Piso da Enfermagem valoriza 409 servidores municipais em Taboão


David da Silva

Foi sancionada na tarde desta 5ª-feira (4) a lei que estabelece o piso salarial nacional para a Enfermagem. Bolsonaro vetou o trecho que previa reajuste anual com base na inflação (INPC). O Senado aprovou no último 2 de junho a inclusão do piso da categoria na Constituição Federal.

Na Prefeitura de Taboão da Serra trabalham 409 profissionais do setor da Enfermagem – são 158 enfermeiros, 132 técnicos de enfermagem, e 119 auxiliares de enfermagem.         

Muito tempo e pouco salário

A funcionária mais antiga da Secretaria da Saúde de Taboão da Serra é a auxiliar de enfermagem Jordete Maria dos Santos Lima, da UBS Stª Cecília. Com 37 anos de casa, Jordete foi efetivada em 06.março.1985, no tempo em que os brasileiros ainda não votavam para presidente.

Mesmo com tantos anos de serviço, o salário-base dessa servidora na prefeitura é de R$ 1.440,89. Pelo novo piso, auxiliares de enfermagem passam a ganhar R$ 2.375,00 – um salto salarial de 64,83% (veja o quadro abaixo)

Na turma taboanense dos auxiliares de enfermagem, cinco têm mais de 30 anos no cargo, e 38 ultrapassam os 20 anos de casa. A com menos tempo no cargo já tem 13 anos de prefeitura, e trabalha no SAMU.

A noite de hoje será mais alegre nas casas dos técnicos e das técnicas de enfermagem. A categoria vai ter um reajuste de 87,55% em seus holerites já a partir deste mês. Dos 132 técnicos e técnicas de enfermagem da Prefeitura de Taboão, 41 são registrados como técnicos de enfermagem da fam ília, com um salário apenas 28 reais acima dos outros colegas que recebem o salário base de R$ 1.772,90.

O time de enfermeiras e enfermeiros da prefeitura taboanense tem 158 profissionais, sendo 26 deles enfermeiros da família.

A enfermeira mais experiente da cidade tem 31 anos no cargo. Heloísa Spínola Paulino entrou para a Prefeitura de Taboão em 24.junho.1991 e atua na Vigilância Sanitária. O caçula da turma da Enfermagem completou um ano na prefeitura no último 13 de abril.

O projeto-de-lei do piso da Enfermagem é do senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo.

PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM - PREFEITURA DE TABOÃO DA SERRA

Quantidade

Cargo

Salário atual

Novo salário - %

158

Enfermeira(o)

3.001,86

4.750,00 - (58,24%)

132

Téc. Enfermagem

1.772,90

3.325,00 - (87,55%)

119

Aux. Enfermagem

1.440,89

2.375,00 - (64,83%)

 

“Tranque a viatura, entregue a chave, e fique em pé ao lado dela”

GCMs humilhados passaram a noite no sereno

David da Silva

Mensagem transmitida no último dia 31 de julho pelo sistema de comunicação da Guarda Civil Municipal (GCM) de Taboão da Serra, determinou que os GCMs de plantão na noite e madrugada do domingo para a 2ª-feira tirassem seus pertences de dentro das viaturas, trancassem os veículos, e entregassem as chaves ao secretário da Segurança da gestão Aprígio.

O sistema de segurança pública do atual prefeito consiste em seis viaturas paradas em locais escolhidos pelo secretário.

No áudio interceptado pelo blog bar & lanches taboão nesta 2ª-feira (1º de agosto), o secretário de Aprígio ordenou:

“os senhores reposicionem as vtrs [viaturas] voltadas aí para a entrada do município, QSL [entendido?], para o QTH [local] onde foi designado aí pelo próprio [secretário da Segurança]. E o mesmo vai estar passando e recolhendo as chaves das vtr. Senhores por gentileza retirem os seus pertences, e tranquem a vtr, que o mesmo vai estar fazendo o QSO [contato presencial] com os senhores, QSL [entendido?]. Por determinação do mesmo [secretário] essa QTC [mensagem] tá sendo passada nessa QTR [nessa hora]”.

A determinação para os guardas municipais passarem o plantão noturno ao relento gerou indignação na corporação policial.

Mensagem compartilhada no whatsapp pelos Guardas Civis Municipais de Taboão da Serra
OUÇA:

terça-feira, 12 de julho de 2022

Concurso da Prefeitura de Taboão causa tumulto em Osasco

Aprígio mandou professores fazerem prova fora de Taboão
David da Silva

Por quê candidatos a cargo público na Prefeitura de Taboão da Serra foram fazer prova fora do município, ainda é um mistério. Na 3ª-feira da semana passada, 5 de julho, Aprígio convocou os inscritos para o cargo de PEB I (professor de educação básica) a prestarem o concurso em uma faculdade particular na cidade de Osasco. A aglomeração de quase nove mil pessoas disputando 120 vagas gerou temor de contágio, e atrasou o início da prova.

O concurso teve 8.844 inscritos. Com a taxa de inscrição de R$ 80,00, foram arrecadados R$ 707.520,00.

Os 120 aprovados irão trabalhar 30 horas por semana nas escolas municipais com salário inicial de R$ 3.177,26. Além das vagas disponíveis o concurso também vai formar cadastro de reserva válido por dois anos.

O resultado final será publicado em 9 de agosto.

Usa quem quer

As máscaras de proteção facial tiveram seu uso liberado pelo edital de convocação. Deixar a critério de cada um causou apreensão. “Eu prestei o concurso de Taboão, e estou me recuperando de uma covid. Não tinha distanciamento nenhum nas salas”, relata Aline Kazumi.

A ausência de prevenção ao contágio do coronavírus contradiz o especificado na cláusula 1.6 do edital: "Devido à pandemia do COVID-19, a organizadora do certame reserva-se no direito de tomar medidas protetivas e preventivas durante o andamento do Concurso".

“Na sala onde fiz a prova uma pessoa passou mal. Precisou uma professora gritar pedindo ajuda, e mesmo assim demorou para atenderem”, cita Eudália Neves.

O ajuntamento de mais de 8.800 pessoas no pátio de entrada afetou o ânimo de muitos candidatos. “Entramos em sala já estressados pela falta de organização. E para piorar, com fiscais ignorantes”, reclama Fátima Cristina.

Longe e atrasado

“O concurso era pra ter início às 15h, mas por muitas pessoas ainda estarem do lado de fora só iniciou às 15h45”, conta Alice Silvino.

A mesma candidata questiona a distância em que as provas foram realizadas, e a dificuldade de quem utiliza transporte coletivo, que aos domingos opera com frota extremamente reduzida. “Verdadeiramente, foi um absurdo o que passamos”, completa.

Se na sala onde Alice fez a prova foram 45 minutos de atraso, em outras, o desacerto foi maior. “Teve salas que começou muito mais tarde que esse horário. Cada sala começou em um horário diferente”, explica uma das candidatas.

Cláusula confusa

No edital de abertura do concurso para as 120 vagas de PEB I, a cláusula 1.4 diz que “Todas as etapas presenciais serão realizadas no município de Taboão da Serra-SP. Caso o número de candidatos exceda a oferta de locais suficientes ou adequados [...] essas [provas] poderão ser realizadas em cidades próximas”.

A gestão Aprígio não esclareceu a partir de qual número seria considerado “excesso” de candidatos.

“Desorganização em tudo, entrada, saída, atraso para entregar a prova”, denuncia Eliana Pereira. “Fomos impedidos de usar o banheiro. Passou um fiscal na sala e disse que, a partir daquele momento, só poderia usar o banheiro na saída. E na saída disseram que não era possivel, pois não tinha banheiro no térreo”.

SUFÔCO