Quando a gente pensa no naturalista inglês Charles Darwin, logo nos vem à mente a foto do britânico sisudo, rosto escondido na imensa barba, olhar severo. Como se o dono daquela imagem vivesse exclusivamente mergulhado em pensamentos sobre a sua Teoria da Evolução das Espécies.
O espetáculo teatral O Canto dos Canários Cegos nos apresenta um Charles Darwin completamente capaz das mesmas paixões, dúvidas e vaidades dos comuns dos mortais.
Fui assistir esta peça na noite do último sábado, na companhia de duas amigas queridas que saíram do teatro igualmente encantadas, enfeitiçadas até, pela faceta humana de um dos maiores cientistas da Humanidade.
Orias Elias (Charles Darwin) e Débora Muniz (Emma) |
Amor e liberdade
Sobre o nojo de Darwin pela escravidão já publiquei aqui.
O que me deixou particularmente fascinado ao ver a peça foi o relacionamento do cientista com sua esposa Emma Darwin. Apesar de se auto considerar uma “humilde dona de casa”, Emma era dona de inteligência vigorosa. Debatia em pé de igualdade com seu marido-gênio assuntos dos mais variados. No aspecto político era até mais “avançadinha” do que Charles.
Fotos: Walter Lins |
Mas era no aspecto da Religião que residia a verdadeira fortaleza do casal. Ao contrário do esposo, ela acreditava em Deus como criador do Universo. Mas a diferença de ideias não afetou os 43 anos de casamento pleno de amor, respeito, aceitação e compreensão.
Não foi à toa que Charles Darwin considerava “o dia maior de todos os dias” a data em que ficaram noivos em 11 de novembro de 1838.
Em uma carta a Emma antes de se casarem Charles já antevia o importante papel da esposa sobre as suas convicções futuras: “Desculpe todo este meu egoísmo que eu dou a você. Porque eu acho que você vai me humanizar. E logo me ensinar que existe uma felicidade maior do que construir teorias e acumular fatos no silêncio e na solidão”.
A atriz Débora Muniz (que vive Emma Darwin em O Canto dos Canários Cegos) está absoluta, estupenda na interpretação desta personagem que pouco a pouco vem impondo sua importância na História.
O espetáculo é apresentado todos os sábados às 20h30, com entrada gratuita.
Espaço Cultural Encena.
Rua Sargento Estanislau Custodio, 130 - Jd Jussara.
Tel. 2867-4746
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