Minha
estimada amiga Maria Auxiliadora Venâncio.
Você
merece tapete vermelho na entrada da cidade, desfile em carro aberto, banda de
música, nome pintado em faixas, e tudo mais.
Você
é uma glória para o lugar onde eu nasci.
Não
sou eu quem diz. Sua galeria de troféus dá o roteiro por onde você já bateu
pernas, suou as canelas para elevar o nome do Taboão da Serra que nem sempre
soube corresponder tudo o que você fez e faz pelo município. A ponto de você
ter de vender as duas medalhas de ouro que ganhou em corridas no estrangeiro,
para cuidar da saúde de sua mãe...
Há
36 anos você deixou sua cidade natal lá no coração das Minas Gerais, para
dedicar sua garra e seu talento ao povo deste nosso lugar. Com que idade você
chegou aqui não vou contar. Isto é coisa para os que te querem bem, te adoram.
Que te chamam “Dora”.
Eu
te manjo de longa data. Já escrevi muito sobre você, desde as primeiras
esticadas pelas ladeiras do Parque Marabá. E as vezes que você ia treinar no Ibirapuera,
e teu filho abria o maior berreiro pensando que a mãe tava correndo pra fugir,
ir embora.
Vibrei
com teu jeito encabulado, ao mostrar o carro zero quilômetro que ganhou numa
maratona lá em Brasília no ano de 1995.
Minha
cidade toda se espantou quando em 1996 você, aos 38 anos de idade, no topo dos
seus 1,48 m de altura e 48 kg disse que a partir daquela data só ia disputar ultra-maratonas
de 100 km de distância...
Lembro
que dormi e acordei enquanto você corria 24 horas sem parar em 2005, lá em São
Caetano do Sul... 213 km debaixo do sol durante o dia, e debaixo de chuva na
madrugada...
Lembro
também a emoção que a gente tinha quando você me procurava na redação do jornal,
dava o toque que ia correr por aí, lá pela Espanha, no Japão, na África, sei lá
mais onde, mundo afora.
E
dali a pouco, dias depois lá vinha Auxiliadora pela minha sala adentro, com
sorriso singelo, trazendo no braço, junto ao colo, o troféu internacional, e um
novo recorde nas super-maratonas dos grandes fôlegos, das grandes pessoas
conquistadoras da Terra.
Você
é Auxiliadora não só no nome. Está sempre pronta a ajudar seus semelhantes a
entenderem os benefícios do corpo são.
Você
já teve a incomparável honra de estar inclusa no livro "Mulheres Negras do
Brasil". Mas um dia sua história inteira estará contada num livro só seu,
com sua vida ímpar cruzando as linhas de chegadas de todas as páginas. Numa
narrativa bonita sem ponto final.
Felicidades,
amiga.
Não
só nesta data querida, mas até a reta de chegada da sua biografia.
Enquanto isto minha canetinha sedentária toma fôlego pra
acompanhar sua trajetória irrequieta.
Um comentário:
Alguns títulos nacionais e mundiais de Auxiliadora:
• Jogos abertos do Interior de Santos 1986 – 1º lugar 21Km
• Meia Maratona da Bolívia 1989 – 3º lugar
• Circuito Bradesco de corrida de rua 1988/89 – campeã 10Km
• Maratona de Ribeirão Pires 1990 1º lugar
• Maratona de Ribeirão Pires 1992 1º lugar (recordista da prova)
• Maratona do Rio de Janeiro 1991 4º lugar
• Maratona do Rio de Janeiro 1992 3º lugar
• Maratona do Rio de Janeiro 1994 4º lugar
• Maratona de Brasília 1993 3º lugar
• Maratona de Brasília 1995 1º lugar
• Maratona de Brasília 1996 2º lugar
• São Paulo (42Km195m) 1995 4º lugar
• Maratona de Buenos Aires 3º lugar
• Maratona de Curitiba 1996 1º lugar
• Maratona de Blumenau 1996 2º lugar
• 100Km Santander – Espanha 1996 3º lugar
• 100Km Madri 1997 1º lugar Record Sul-americano
• 100Km Brasil 1997 1º lugar Record Sul-americano
• 100Km Brasil 1998 1º lugar Record Sul-americano/ Record Mundial dos Veteranos; 4º Marca geral do Mundo
• 100Km Nakanura – Japão 1998 3º lugar
• 100Km Santander – Espanha 1999 1º lugar
• 100Km Madri 1999 1º lugar
• 90Km África do Sul – Ultramaratona de Comrades 1999 4º lugar
• 100Km Santander – Espanha 2000 1º lugar
• 90Km África do Sul – Ultramaratona de Comrades 2001 5º lugar (6h39m)
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