Estevão Silva pintado por Pereira Netto |
Estava tudo pronto e
pomposo naquele certo dia do ano de 1879 no salão principal da Academia Imperial de
Belas Artes, na antiga Travessa do Sacramento (atual avenida Passos, no coração
comercial da cidade do Rio de Janeiro). Era a premiação da 25ª Exposição Geral
de Belas Artes. Os prêmios seriam entregues pelo imperador dom Pedro II em
pessoa...
Chamaram à frente o segundo
colocado:
- Estevão Roberto da
Silva!
O artista de 35 anos se
levantou lá de trás do grupo onde estivera quase escondido entre os colegas.
Chorando, cruzou com passos lentos o salão. Aproximou-se cabisbaixo do estrado
onde o aguardava El Rei. Enxugou os olhos com as mãos, ergueu a cabeça e gritou:
- Recuso!!!
Alvoroço, burburinho. Os
diretores da academia pensaram logo em expulsar da instituição o negro
insolente.
Mas, como botar porta a
fora o maior pintor de naturezas-mortas da época?
Já era bem famoso o
Estevão...
Natureza-morta, Estevão Silva, 1891 Museu Afro Brasil - Pq Ibirapuera - São Paulo |
A diretoria amarelou, e se
limitou a suspendê-lo por um ano. Alegaram que “ouvindo a defesa do aluno
delinquente” se convenceram que ele recusou o prêmio de segundo lugar “por
acanhamento de inteligência”.
Era bem abusado o
Estevão...
Sete anos depois, o
jornalista Arthur de Azevedo confirmava que Estevão Silva estava certo em não
se deixar passar pra trás: “Este pintor tem uma especialidade; as frutas; não me parece que nesse gênero encontre
no Brasil competidor que o exceda, nem mesmo o iguale.” – Folha da Tarde, Rio, 16.jul.1887.
Natureza-morta, Estevão Silva, 1888 |
Era este mesmo o grande
barato de Estevão – provocar nas pessoas um deliciamento dos sentidos. Ao
vermos seus quadros, a tinta salta da tela, provoca a impressão de podermos
cheirá-los, comer as frutas ali pintadas.
Filho de escravos africanos,
Estevão Silva nasceu no Rio em 26 de dezembro de 1844.
Entrou para a Academia
Imperial de Belas Artes aos 19 anos.
Não há registros sobre sua
vida particular.
Sua existência pobre era ganha como professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Sua existência pobre era ganha como professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Na mesma cidade onde
passou toda a sua existência, morreu dormindo em 9 de novembro de 1891. A causa de sua morte
ainda hoje é um mistério.
Natureza-morta, Estevão Silva, 1884 |
A superioridade da arte de
Estevão Silva vem sendo resgatada nos últimos anos.
Mas seus contemporâneos
não deixaram de enaltecê-lo em vida.
Na reportagem sobre uma
das exposições do altivo pintor negro, o jornalista Manoel Cordeiro publicou na
capa do Diário Ilustrado, em 21 de
julho de 1887:
“Às vezes despertam desejos os seus quadros, desejos inocentes de trincar a talhada de uma melancia rubra e partida, uma romã aberta como uma boca de menina, numa provocação acesa de beijos.”
Era bem danado este
Estevão...
Um comentário:
Legal!
Agora em epoca de férias é bom lembrar que o MASP, na Av.Paulista, é uma boa pedida e às terças-feiras a entrada é gratuita e a Pinacoteca aos sábados também é gratuito além de se poder passear no Parque da Luz.
Falando nisso, vou dar uma passada no parque das Hôrtencias e ver se o dinheiro do nosso imposto está sendo empregado de forma satisfatória, se bem que uma canteiro central na Av.Laurita Ortega Mari na altura do nº 1.800 continua danificada,mesmo após solicitação de reparo, pra que serve o IPTU mesmo?
Ariel
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