terça-feira, 30 de outubro de 2012

Prisão de líder do PCC trouxe pânico a Taboão da Serra

Madrugada sangrenta teve mais 13 mortos na Capital e um, no ABC.
Rua da Delegacia de Taboão bloqueada à 0h41 de hoje
Foto: Hugo Abud
O cair da tarde da 2ª-feira, 29 de outubro, foi de apreensão disseminada pela cidade de Taboão da Serra. A ação da Polícia Militar em favelas na área do bairro Morumbi teve repercussões em toda a zona oeste da Grande São Paulo. Escolas e alguns estabelecimentos comerciais optaram por fechar as suas portas antes do escurecer. Uma liderança da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) foi presa no município.
Um suposto toque de recolher deixou a população atônita.

Medo ao entardecer
Às 17h42 o blog recebeu a informação que pais de alunos estavam buscando seus filhos antes do término das aulas na Escola Municipal Infantil Heitor Vila Lobos, no Jd Kuabara (área do Pazini). 
Noite deserta em Barueri -  Foto: Matheus Dias / Facebook
Próximo dali, no Pq Assunção, ao lado da Prefeitura a direção da Escola Estadual Wandick Freitas avaliava a liberação dos alunos às 18h, e a provável dispensa de aulas do turno da noite. Pelo chat do Facebook uma mãe de família do mesmo bairro perguntou ao blog a veracidade de provável toque de recolher.
No mesmo instante o internauta Claunir Rodrigues informou que o comércio da Avenida Intercontinental, também no Pazini, baixava suas portas.
Às 18h02 uma comerciante da Avenida Antonio Oliveira Salazar, no extremo oposto da cidade, na região do Pirajuçara, disse ao blog por fone celular que estava encerrando seu expediente por receio.
Internauta morador da Capital comentou no blog que ao chegar em sua casa, no bairro Jd João XXIII, encontrou todo o comércio de portas baixadas.
Moradora observa Polícia em Paraisópolis - Foto: Gilberto Marques

Guerra
A Polícia Militar ocupou favelas em Paraisópolis, Jd Colombo e Real Parque, no trecho do Morumbi, zona sul da Capital São Paulo. Com um verdadeiro exército deflagrou a Operação Saturação – 540 soldados da Rota, Choque, COE, canil e cavalaria, além de 60 homens do 16º Batalhão (Butantã).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, foi da favela Paraisópolis que partiu a ordem para a onda de assassinatos de policiais.
O ciclo sangrento teve início na noite de 8 de outubro. Um policial militar foi fuzilado em um posto de gasolina de Taboão da Serra. Desde então, já são 125 pessoas assassinadas a tiros em três semanas, entre elas seis PMS e dois agentes penitenciários.
No final da madrugada e início da manhã da 2ª-feira a PM saiu em perseguição a Edson Ferreira dos Santos, de 31 anos, o Nenê. 
Medo nas ruas de Cotia - Foto: Helena Cristina / Facebook
Segundo a polícia, ele seria encarregado dos julgamentos executados pelo PCC – a disciplina, no jargão da facção.
Nenê chegava à casa de sua mãe, em Paraisópolis, por volta das 5h30. Vendo-se acossado pela PM, ele fugiu para Taboão da Serra, na casa de seu pai, onde foi preso.
Além das mortes pelo confronto direto entre policiais e bandidos, autoridades aventam  mais duas hipóteses para o elevado número de homicídios à bala: policiais à paisana vingando o sangue dos colegas, e guerra de quadrilhas pelo tráfico de drogas.

Atualização das 06h10 - Nesta madrugada dois suspeitos foram mortos pela PM enquanto fugiam em motos em bairros da zona leste. Seus dois comparsas fugiram. Na mesma região, mais dois cadáveres foram encontrados em locais ermos. Outro rapaz foi fuzilado na frente de um bar. Um ônibus foi incendiado também na zona leste.  
Na zona sul um adolescente e quatro maiores foram presos, suspeitos de tentar matar um policial militar. Na mesma região um homem foi morto com tiros na cabeça disparados por dois motoqueiros.
Na zona norte, houve mais três homicídios por armas de fogo disparadas por motoqueiros com tocas ninja.
Na área do 69º DP (Teotonio Vilela) três pessoas foram mortas. Na Vila Cachoeirinha foi encontrado outro morto.
Em São Bernardo um homem foi encontrado morto dentro de seu automóvel.
A madrugada findou com 14 pessoas mortas.

2 comentários:

VIVIAN disse...

eu vi no Facebook da internauta Renata Stefanini que a Faculdade Anhanguera foi esvaziada as 21 horas
E o Wandick também fechou

abud disse...

As informações chegam instantaneamente pelas redes sociais. A situação não tá boa e a policia não pode enfrentar bandido com fuzil sem investir em armamento e inteligência. Está sendo discutido pela imprensa e nas redes sociais que questões partidárias e o interesse nas eleições são um dos motivos para estes ataques. O que não acredito. E acho extremamente absurda atribuir a partidos políticos e interesses eleitorais estes ataques contra a polícia e o terrorismo. A culpa disso tudo se deve principalmente a ineficiência do Estado no combate ao crime, no sucateamento da polícia, o não investimento em inteligência na Polícia Civil, e claro, e não menos pior, a corrupção na polícia que destrói qualquer iniciativa de combate ao crime organizado. Acho que o que está em jogo não são partidos, e sim políticas para que essas coisas não aconteçam... Lembra em 2006 quando o indulto de dia das mães deu o maior rebuliço? Tudo por causa da repressão, reprimir não é a solução, e agora está repetindo isso tudo de novo. O sucateamento do serviço público tem sido uma constante e é uma tendência dos governantes em sucatear. O Estado não quer contratar, prefere terceirizar tudo, ou entregar para organizações sociais corruptas (não que as sérias não existem), logo a terceirização no serviço público é precário e deixa a desejar. A polícia não é mais inteligente, hoje ela é burra e tem medo de atuar, mas não por culpa dos policiais, estes, são bravos guerreiros. Grandes mudanças devem acontecer de dentro para fora dos presídios, e não digo aqui para passar a mão na cabeça de bandido. Ninguém sabe os motivos que levaram a alguém roubar, o que não é justo é nivelar todos por baixo. Acredito que o Estado tem que manter as iniciativas educacionais dentro de presídios, mas investir em psicólogos e educadores separando grupos de presos de alta periculosidade com os que têm alguma chance de se redimir do crime. É uma construção de educação social e prisional, cabe ao Estado educa-los lá dentro para quando sair encontrar profissão, sustentar sua família e ter novas oportunidades, enxergar uma luz no final do túnel. Tem que trabalhar e educar! Só porrada não adianta, porque quando ele sair da cadeia ele vai projetar aquilo que o Estado fez com ele lá dentro. Têm criminosos que realmente não tem jeito, estes tem que mofar na cadeia. Educar, investir em cultura, não reprimir manifestações sociais e culturais é que grandes mudanças vão acontecer. E claro, a desigualdade, enquanto houver desigualdade da forma que é vai ser cada vez mais difícil controlar o crime organizado.