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Friedenreich ganhou o primeiro título internacional da Seleção Brasileira |
Em uma data qualquer, entre
1963 e 1969, o legendário jogador de futebol Arthur Friedenreich saiu do bairro
Pinheiros, onde morava, e tomou o rumo de Taboão da Serra, na Grande
São Paulo.
Nos três dias e três noites seguintes, ele não voltou a cruzar o portão da sua casa no número 678 da Rua Cunha Gago.
☆
Desde que se aposentou em
março de 1963, Friedenreich, então com 71 anos, costumava sumir de casa. A
arteriosclerose lhe corroia a memória. Os parentes iam resgatá-lo nos lugares
mais improváveis. Um de seus hábitos rotineiros era embarcar para a cidade de
Santos. Ia e voltava na mesma poltrona, sem descer do ônibus. Talvez tivesse
vaga lembrança dos tempos em que ia à Baixada enfrentar o Santos FC e outros
times do litoral paulista.
Noutra ocasião, foi
encontrado zanzando em um campo de futebol de São Caetano do Sul, na região do
ABC.
Até que uma crise de
esquecimento o fez vir bater perna nas redondezas do Largo do Taboão...
Primeiro ídolo do povo
Arthur Friedenreich havia
parado de jogar bola em 1936, aos 43 anos. Foi o primeiro fenômeno popular do
futebol brasileiro.
Filho de um engenheiro
alemão com uma professora mulata brasileira, Friedenreich nasceu no centro de São
Paulo, na Rua do Triunfo quase esquina com a Rua Vitória. E sua vida foi
justamente uma sequência dessas duas coisas - triunfos e vitórias.
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Fried abriu caminho para a profissionalização
do futebol brasileiro
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Marcou 595 gols em 605
jogos. Campeão paulista por sete vezes, integrou a primeira formação da
Seleção Brasileira. Uruguaios e argentinos o respeitavam e o
temiam, dando-lhe o apelido glorioso de “El Tigre”.
Ao pendurar as chuteiras, Friedenreich trabalhou mais 28 anos como propagandista da fábrica de bebidas
Antarctica.
Esses pensamentos
embalavam sua velhice esquecida na casa antiga perto do Largo de Pinheiros.
Quem sabe para aplacar a
tristeza, Friedenreich, a quem carinhosamente chamavam de Fried, resolveu num
certo dia entrar num ônibus com o sugestivo letreiro “Taboão da Serra”.
Tres dias depois, foi
liberto da cadeia da Delegacia de Polícia local. A ocorrência gerou grande
revolta pelo delegado ter mantido em cela comum um idoso doente, herói do
esporte do Brasil e do mundo.
Antonio Pires, vizinho e
amigo de Fried, veio buscá-lo em Taboão da Serra, e desabafou: “O delegado sabia
quem ele era.
Sabia quem ele foi. Por que fez isso? Esse homem não merece ser delegado. Será
que não reconhece que Friedenreich merecia ser tratado como um rei?”.
Friedenreich faleceu aos
77 anos, às 10h30 de 6 de setembro de 1969.
5 comentários:
Por essas e outras, meu caro jornalista, é que se diz aqui e alhures, que "brasileiro tem memória curta". Parabéns pela lembrança de um ídolo pois eles o "alimento" da nossa alma.
Vibrei com a história do Friedenreich. Morei numa "república" na Cunha Gago. No outro quarteirão ficava a casa do craque e no portão de ferro havia um brasão com as letras "AF". Eu zoava meus amigos, dizendo que a casa era de meu pai Antonio Fenólio. Imagine só... um Fenólio ter casa em Pinheiros, só se fosse em Pinhal...
Agradeço seus votos.......de boas festas. Em 2013 estarei atento como sempre na fértil aprendizagem com seus escritos.
Esse texto me emocionou. Parabéns, David!
Parabéns Grande David Emocionante 👏👏👏👏
Davi!!! Parabéns. Cara tu continuas o mesmo hem? Nos emocionando com suas belas Matéria Jornalística.
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