Vejo
pouco hoje em dia por aí citação sobre um filminho patético, mas profético
estrelado pela dupla Sandy e Junior, no longínquo ano 2003.
Já na
época, o longa-metragem Acquaria
lidava com o colapso no abastecimento de água.
E por
que filme assim tão premonitório não volta com tudo às telas?
É porque
o filme é ruinzim.
Não,
senhora. Não assisti todos os 103 minutos do filme. Não tenho tanto pecado
assim pra pagar.
Na mistura
de aventura com ficção científica, o roteiro de Cláudio Galperin e Flávia
Moraes (que também dirige o filme) teve o mérito de levantar com mais de uma
década de antecedência o assunto que hoje nos aflige. Quando nem se poupava
saliva com isto. Mas o filme resultou intragável até para fãs da Sandy.
Não por
falta de recursos.
Acquaria mandou R$ 9 milhões pelo ralo. Um
dos orçamentos mais caros do cinema brasileiro. Segundo a Agência Nacional de
Cinema (Ancine) de 1995 a 2013 só cinco filmes gravitaram em torno deste valor.
Nada adiantou torrarem R$ 2 milhões com mídia e divulgação. O filméco afundou
nas bilheterias.
Com a
Terra toda inteira devastada pela falta d’água, os irmãos Sandy e Junior,
interpretando Sarah e Kim, respectivamente, transitam entre nomes consagrados
do cinema brasileiro como Milton Gonçalves, Julia Lemmertz e Alexandre Borges.
Além do
elenco estelar, a equipe técnica ocupou 203 profissionais de cenografia,
produção, figurino e um pequeno exército de marceneiros.
Apesar
da louvável preocupação com a seca que afinal chegou 12 anos depois do filme, o
orçamento mostra uma planilha de custos pouco ecológica. Nas oito semanas de
gravações, construíram três grandes estúdios exclusivamente para o filme.
Utilizaram mais de mil toneladas de areia para simular deserto. Gastaram-se
milhares de litros de água, e barras de gelo com dois metros de altura.
Nas
cenas externas, ao invés de irem pro Nordeste, se mandaram para o Chile. Ignoraram
solenemente o estudo da Universidade Federal de Alagoas que detectou 230 mil
quilômetros quadrados de áreas desertificadas em quatro grandes localidades
brasileiras (uma no Piauí, outra no Ceará e duas em Pernambuco). Além disso, a
própria Alagoas está com 62% dos seus municípios em pré-desertificação. No
trecho entre Santana do Ipanema, Olho D’Água das Flores e Olivença, pode o céu
cansar de chover, que a terra “nem te ligo”. O solo já não reage mais à água; nasce
mais nada lá, de jeito nenhum.
Mesmo
assim, os filhinhos do Xororó foram filmar no deserto chileno de Atacama.
A equipe
criadora do filme imaginou ganhar grana milionária com a obra. Firmaram cerca
de 20 contratos, para comercializar 150 produtos relacionados ao filme.
Sonhavam embolsar R$ 5 milhões de reais só com cadernos escolares, agendinhas,
joguinhos, papel-carta, caixinhas para presentes, figurinhas, chicletes,
alicatinhos de unha.... Fracasso total.
Além de
desinfantilizar seus pimpolhos, o esquema de Xororó era montar a carreira
internacional para Sandy, então já com 20 aninhos, e Junior, com 19. Chegou nem
no Paraguai o infeliz do filme.
Indicado
a seis prêmios, sabe quantos o filme ganhou? Nenhum. (Tô mentindo. Ganhou o de
melhor fotografia num concurso do Sesi). Mas nem o Prêmio Avon de Maquiagem o
bendito ganhou.
Se quiser aumentar a sua raiva do Alckmin pela água
escassa, assista o filme na íntegra aqui
3 comentários:
Não está fácil o "miserê da água. Mas, acredite, antes da poderosa sabesp, Taboão teve um "distribuidor " de água. Era o "seo" souto! Morador por muitas décadas, o comerciante português Souto era proprietário de diversos lotes de terreno,casas e, o o Bar do Grosso, em ssu sobrado na Rua Getulio Vargas, área central. Do lado direito da Rua, num dos seus terreno, mandou abrir um poço artesiano que fornecia ´água para muita gente, incluíndo um posto de gasolina, a antiga padaria celeste e, o cinema de seu Juca,o mal lembrado Cine Tupi. O pagamento era feito por rateio, para pagamento da conta d energia elétrica. Quando foi instalada na rua Getúlio Vargas, a sede da Prefeitura, recebia água do S.Souto, de graça. O tempo passou o mundo não acabou.
Gostei do comentário do anônimo sobre o "poço do seo Souto". Na minha adolescência eu morei em um apartamento de um pequeno prédio que ainda existe, no início da Rua Getúlio Vargas. Todo o prédio era abastecido de água daquele poço artesiano. A água dava para todos, era magnífica! Para mim, era muito divertido, ver a movimentação que tinha no antigo posto de gasolina. Eu as demais crianças gostava de ver o banho de um elefante, que trabalhava em um circo itinerante que estava naquela época, instalado, no final da Av. Francisco Morato. Havia também os caminhões de " porcaderos " onde os porcos,que eram trazidos pelos motoristas, para também se banharem, ali no posto, depois limpinhos, seguiam para o "mangueirão" que na Regis Bittencourt, Vila Iasi- deu lugar para fazer o retorno da rodovia .Naquela época, Taboão era um lugarejo modesto ,poderiam , dizer que não tínhamos nada, mas, tinha um calor humano, que se não desapareceu por completo, está prestes a extinguir. Hoje Taboão tem tudo! O progresso engoliu muito a solidariedade . Vivemos hoje, na base das ameaças. Bebemos água de latrina e vamos pagar multa. Vamos ter a energia elétrica cortada se acendermos uma lâmpada no quintal No tempo do "seo" Souto,(que segundo in formações de antigos moradores, faleceu com quase 100 anos em São José dos Campos-SP), as pessoas viviam, hoje vegetam!
Meu pai foi o melhor motorista do mangueirão da Vila Iazi na década de 70. Ele dirigia um 1519 laranja, ele está com ótima saúde e dirige muito bem até hoje, porém , já se aposentou dos caminhões há mais de 30 anos. O nome dele é Maurício , e era conhecido pelo apelido de Mineiro.
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