Cantora e compositora Roberta Gomes - Foto: Nego Júnior |
Sua mãe quase foi cantora. Seu pai tem coleção imensa de
discos. Seu irmão violonista arrastava a irmãzinha pra tudo quanto é roda de
samba. Se o avô não deixou sua mãe soltar a voz nas estradas, Roberta Gomes
sempre teve seu caminho artístico aplainado pelo estímulo da família.
Seu EP No Caminho do
Samba, lançado na última 6ª-feira, 4 de junho, é todo com composições
próprias. Nascida em Taboão da Serra, antes de botar o pé na estrada estudou na
Universidade Livre de Música (SP) onde cursou percussão corporal e técnica
vocal, e estudou canto popular como bolsista do Conservatório Souza Lima.
Como o próprio título dá a dica, No Caminho do Samba faz a conexão passado/futuro do samba temperada
com a plenitude de mulher negra soberana e independente.
Desde
menina
Melodista respeitada no meio musical sambista, Roberta Gomes
traz na garganta o traquejo de quem já cantou muito por aí desde 1997. Foi o
irmão que alertou a garota para a sua predestinação no universo do samba.
Sentado à mesa do Fecha-Nunca à uma da madrugada eu penso “Em Qualquer Bar”, samba-canção que
prova que Roberta Gomes tem o DNA de Caymmi, Ary Barroso, e na voz a verve de Maysa, Dolores Duran.
Quem quiser saber como é essa artista mesmo antes de
conhecê-la pessoalmente é só botar pra tocar “Esculachada”, que ela tá toda inteira ali.
A mulher que Roberta é hoje foi forjada nas caminhadas que deu com o irmão pelas rodas de samba e casas noturnas da Grande Sampa. As longas jornadas samba a dentro aflorou seu dom de escrever e interpretar. Decorou um número absurdo e quase inimaginável de sambas. Colocou suas cordas vocais a serviço da banda samba-rock Os Opalas por cinco anos, e por três anos na banda A Cores antes de voar sozinha.
Pesado
A ficha-técnica do EP prova que ali se trabalha pesado – percussão:
Yvison Pessoa (samba de São Mateus e Ex-Quinteto Branco e Preto), Fred Prince
(Camisa Verde e Branco, Banda Mantiqueira, Clube do Balanço), Dino Oliveira e
Vini Satangoz; violão 7 cordas: Walmir Borges; cavaquinhos: Cicinho. Participações
especiais: Daniel Morales (cuíca em “Na Palma da Mão”, Edy Trombone (“Em
qualquer bar”). Arranjos de metais: maestro Tiquinho (Clube do Balanço e Funk
Como le Gusta) em “Esculachada”.
O primeiro trabalho gravado de Roberta Gomes foi o CD “O Meu
Lugar” (2013).
Roberta é compositora de produtividade respeitável e tem
músicas suas nas vozes de Diogo Nogueira, Marco Mattoli, Flávio Renegado e das
bandas Clube do Balanço e Nova Malandragem.
O caminho de Roberta Gomes é bem iluminado com o carinho de
grandes estrelas como a sua madrinha Leci Brandão, que assina o texto de
apreserntação do novo EP.
Acesse o EP No Caminho do Samba aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário