segunda-feira, 5 de julho de 2021

Artista de Taboão da Serra coordena pintura da primeira ponte totalmente grafitada de SP

Graffiti de 1.200 m² consumiu mil litros de tinta e 1.500 tubos de spray. Foto: Divulgação

David da Silva

Conhecida como “ponte da Sabesp” ao lado da Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo, a estrutura que sustenta duas adutoras de água sobre o Rio Pinheiros foi completamente grafitada por 16 artistas coordenados pelo grafiteiro Gamão. O projeto é iniciativa de Rodrigo Cordeiro, organizador de eventos sobre recursos hídricos, e chama a atenção das pessoas para a finitude da água doce.

Não ficou nem um centímetro das partes de cima, dos lados e debaixo da ponte sem receber traços e cores. Seus 1.200 m² estão completamente cobertos com cerca de mil litros de tinta e 1.500 tubos de spray.

O acrônimo Sabesp (Cia do Saneamento Básico do Estado de São Paulo) assina a parceria com esta primeira obra de graffiti instalada sobre rios que cortam a capital paulista.

A segunda etapa do trampo está grafitando três respiradouros, chamados pelos técnicos de chaminés de equilíbrio nas cercanias dessa ponte por onde não passa gente mas é caminho para a água de beber.

Caminho das águas

Com 55 metros de extensão, a “ponte da Sabesp” é muito mais velha do que a sua vizinha Ponte Cidade Universitária. Esse trecho aéreo da adutora foi construído em 1914 e transferia água do Rio Cotia para matar a sede de alguns bairros paulistanos. Hoje transporta água potável de outros mananciais.

A ponte-adutora de importância histórica no abastecimento da Cidade de São Paulo virou uma imensa galeria de arte a céu aberto assinada por Gamão, BF, Jamu, Molão, Image, Dumemm, Del, Snupi, Raios, Bigode, Alemão, Carolzinha, Lia, Alopen, Jean e Espigão.

No mapa do planeta Terra o endereço da obra são as coordenadas 23°33'31"S   46°42'39"W.

A ponte-adutora antes e depois da intervenção artística. Foto 2: Adriano Vizoni

Sobre as águas

Gamão e Rodrigo Cordeiro se conheceram em 2018. Além de xarás (Gamão nasceu Rodrigo Souza Dias) os dois têm na preocupação com a água o seu traço de união. O projeto Grafite Pela Água vai correr o trecho em exposições itinerantes com 30 telas sobre preservação dos recursos hídricos e saneamento.

Rodrigo Gamão e Rodrigo Cordeiro

A grafitagem da “ponte da Sabesp” levou seu primeiro jato de spray no último dia 3 de junho, e foi finalizada em 25 de junho. Um engenheiro foi responsável pelo planejamento e treinamento dos artistas. Um técnico de segurança ficou o tempo todo de olho nas condições de trabalho dos grafiteiros. A pintura teve o apoio de duas plataformas elevatórias motorizadas. Caso desse algum problema com os operadores da máquina, os grafiteiros estavam treinados para pilotar o veículo em situações de emergência.

Primeira ponte 100% graffiti teve 16 artistas envolvidos

Tudo nosso

Neste 2021 Gamão está completando 10 anos de caminhada com o seu Coletivo Raxa Kuka Produções. Foi seu irmão quem o iniciou na estrada do hip hop. Em 2014, emputecido com as enchentes que invadiam sua casa três vezes por ano (“minha casa ficou 1,40 m debaixo d’água”) Gamão chamou a galera do graffiti, do rap e do samba para converter a ira em arte com o projeto Graffiti Contra as Enchentes, evento que já teve até 300 artistas brasileiros e alguns estrangeiros.

Gamão faz do graffiti seu grito de alerta: “As pessoas têm que entender que não é pra cuidar só da sua própria casa. A cidade é nossa. A Natureza é nossa”.

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Veja mais fotos do Graffiti Pela Água aqui

Respiradouros da rede adutora também estão grafitados.
Foto: Divulgação - 02.julho.2021

Um comentário:

Anônimo disse...

Enquanto isso o Sr.Aprigio detonando as áreas de mananciais em Embu das Artes para construir prédios