Mia Linz teve carreira meteórica. Foto: Prosa Guiada / Reprodução: David da Silva |
David da Silva
Ariane apareceu pela primeira vez em tudo quanto é jornal quando, em 24 de setembro de 2012, funcionários da Prefeitura de Taboão da Serra abandonaram seu irmão autista na escola de onde o garoto só foi resgatado por volta das 23h40. O caso ganhou repercussão nacional, e Ariane Alves Moreno foi a grande porta-voz da sua família na busca por justiça. A revolta não era pouca. Afinal, seu pai e sua mãe são surdos-mudos, incapazes de verbalizar toda a indignação.
Nenhuma
das suas vizinhas, naquela ruazinha modesta do Jardim Record, podia imaginar
que aquela jovem senhora casada, na época com 20 anos de idade e um filhinho de
dois, seria hoje uma das mulheres brasileiras mais procuradas em sites de
vídeos pornográficos.
Com
29 anos completados em 18 de fevereiro, Ariane, agora mundialmente conhecida
pelo nome artístico Mia Linz, está prestes a lançar sua autobiografia. Nas 120
páginas do livro, detalhes da sua infância aqui em Taboão da Serra, onde nasceu
e mora até hoje, e da sua carreira meteórica como estrela pornô em produções
realizadas no Brasil, México, Hungria e República Tcheca.
Em agosto do ano passado ela protagonizou um dos primeiros vídeos pornôs brasileiros com audiodescrição para cegos e legendas descritivas para surdos.
Desafios da infância
Mia
Linz é fluente em Libras desde pequena pois tanto seu pai, metalúrgico de 54
anos, quanto sua mãe, dona de casa com 51, são deficientes auditivos. E isso a ensinou
a superar preconceitos – entre eles, o fato de ter-se tornado atriz
pornográfica.
Antes
do estrelato, foi dona de uma gráfica, e depois de uma balada e um restaurante.
Viveu casada com um músico por 10 anos. Diz que frequentava clubes de swing por
prazer e também para realizar um fetiche do ex-marido.
“Antes
da decisão de fazer vídeos, conversei com meu pai, minha mãe, minha avó e meu
irmão um ano mais novo que eu. [Mia é a
filha mais velha do casal]. Não digo que eles assistam, mas eles sabem do
meu trabalho”, diz. "Eles reagiram com tranquilidade [quando souberam da opção], nunca tive problema com isso. Acho que
o apoio da família é muito importante no enfrentamento do preconceito".
Apesar
do furor sexual perante as câmeras, Mia Linz não tem a depravação no seu DNA. “Na
minha infância um amigo do meu pai me assediou. Me desvencilhei dele e
denunciei”, conta.
Um caso absurdo
O
irmão autista de Ariane tinha 17 anos quando foi largado dentro da escola no
final da tarde da 2ª-feira, 24 de setembro de 2012. “Um funcionário ligou para
minha avó, que mora ao lado da nossa casa, e avisou que a van escolar tinha
quebrado, e era para a minha mãe buscá-lo”. Ao encontrar a escola fechada e às
escuras, a mulher voltou para casa achando que haviam providenciado o
transporte.
Com o avançar das horas, a Guarda Municipal foi acionada. Já perto da meia-noite, os guardas Bernardes, Blanco e Xavier deduziram que o aluno poderia ter sido “esquecido” dentro da escola pelos funcionários. Pelo lado de fora do prédio, iluminaram o interior de uma sala: o rapaz estava lá em pânico, sujo de fezes, há horas sem tomar seu remédio controlado, e revirado tudo o que encontrou pela frente. A escola foi arrombada pelos GCMs, e o adolescente devolvido à família.
GCM Bernardes no resgate do garoto autista. Foto: acervo David da Silva - 24.set.2012 |
Fulgurante
No
mês que vem vai fazer quatro anos que Ariane entrou para o universo pornô. Foi
a vencedora do reality show A Casa das
Brasileirinhas em agosto/2017. De lá para cá, teve uma das carreiras mais fulgurantes
dentro do disputadíssimo mercado do entretenimento erótico. Chegou à posição de
terceira brasileira mais procurada do site Pornhub.
A
escolha do codinome “Mia” se mostrou acertada. Atualmente, a maioria – uns 80%,
diz ela – dos seus seguidores no aplicativo Snapchat são homens árabes. Cada um
deles (cerca de 200 assíduos hoje; já chegaram a 400) paga US$ 30 dólares por
mês para vê-la em poses sensuais do seu cotidiano.
Afastada
das câmeras, estuda Psicologia e, com sua vasta experiência em “trabalho de
campo”, pretende a especialização como sexóloga.
Desfilando seus 1,60m de altura pelo apartamento de 60 m² em Taboão da Serra, Mia Linz diz divertida: “Fazer filmes pra que? Dá para ganhar muito mais sem precisar transar com ninguém, e sem sair de casa”.
Mia Linz está com 313.537 seguidores no Instagram, 246.379 no twitter, e tem sua maior fonte de renda atualmente no Snapchat |
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