"Número
de reclamações em todos os meios de comunicação tem se avolumado", admite o secretário da Saúde. Foto: Adilson Oliveira | Verbo - 10.ago.2021 |
David da Silva
Na
3ª-feira (18) será conhecida a vencedora da concorrência para prestar serviços nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Taboão da Serra. Para contratar 88 novos médicos,
a atual administração optou por empresa particular, ao invés do costumeiro
concurso público. A despesa com a contratação será de quase R$ 21 milhões pelos
próximos 12 meses.
No
final do primeiro trimestre do terceiro ano do seu mandato, a gestão Aprígio
finalmente admitiu, por escrito, que a situação nas UBSs está um caos. Em 28 de
fevereiro, em audiência pública na Câmara Municipal, o secretário da Saúde
Alberto Tarifa já havia falado em contratar mais médicos para as 13 unidades
básicas da cidade. Em 21 de março foi
assinado o edital de licitação, onde se lê na página 21 que estamos “diante de
um cenário caótico”.
Pedido não atendido
Entre
os anos de 2020 a 2022 a Prefeitura de Taboão da Serra perdeu 63 médicos. O
concurso público realizado no final do primeiro semestre de 2022 não foi
suficiente para repor a falta desses profissionais.
Na justificativa da escolha por empresa privada em caráter de emergência, Tarifa relata, no Termo de Referência do edital, que a Secretaria da Saúde solicitou a abertura de concurso público para médico generalista, clínico geral, ginecologista e psiquiatra. “Porém, o desfecho da solicitação resultou em insucesso até o momento”.
Erros no edital
Na
reportagem publicada em 20.jun.2022 o blog bar & lanches taboão
identificou 110 médicos atendendo nas UBSs. Já o edital aberto no final do mês
passado diz que, dos 240 médicos da prefeitura, 131 trabalham na atenção básica,
e 109, nas especialidades.
A
abertura dos envelopes com propostas de preços estava programada para a
3ª-feira desta semana (11), mas devido a erros no edital foi adiada para a
próxima 3ª, 18 de abril, às 9h.
Opinião pública
O
documento de licitação se mostra preocupado com as queixas da população neste
ano pré-eleitoral. “O número de reclamações em todos os meios de comunicação
tem se avolumado”, diz o edital G-003/2023 na sua página 21.
Numa
clara tentativa de ‘dividir a carga’ das críticas, o edital afirma que “a
Secretaria de Saúde não tem reposição ideal de seus servidores desde o ano de 2014”.
“Discordo”, diz a médica Raquel Zaicaner, secretária da Saúde de Taboão no período 2013-2020. "Basta ver o tanto de médico que pediu demissão desde janeiro de 2021. Deixamos [a prefeitura em dezembro de 2020] com mais de 200 médicos estatutários - entre médico de saúde da família, generalista, clínico geral, pediatra, psiquiatra (da atenção básica). Aliás, tínhamos generalistas em todas as unidades de saúde da família, e clínico, pediatra, ginecologista e psiquiatra em todas as 13 unidades de atenção básica da cidade. A única categoria que tínhamos mais dificuldade em contratar e queríamos ter mais era ginecologista e obstetra”, contabiliza a ex-secretária.
Improviso
Sobre
a decisão de Aprígio de contratar médicos sem concurso, Raquel Zaicaner
estabelece parâmetros da sua com a atual gestão da Saúde:
“É uma ‘escolha’ de modelo. Quando ele [Alberto Tarifa] foi secretário [da Saúde na gestão do ex-prefeito Evilásio] a mão de obra médica também era fornecida por uma empresa privada. Ele poderia [hoje] fazer contratação emergencial por 12 meses (renovável por mais 12), que é rápido, e nesse período fazer quantos concursos fossem necessários para a reposição do quadro. Mas já estão há dois anos [no governo], quantos concursos houve?".
Zaicaner finaliza com uma crítica:
“Fizemos concurso público para médico com vínculo estatutário praticamente duas a três vezes ao ano. Concurso público tem um rito e prazos, pois é considerado uma licitação. É algo previsível. Precisa ter médicos num serviço de saúde, assim como comprar remédios ou material escolar. Não pode ser considerado algo ‘inesperado’ ou emergencial”.
3 comentários:
José Alberto tarifa jamais deveria estar como secretário de saúde. Já não deu certo tempos atrás. Políticos gostam de insistir em péssimos apoios e funcionários.
A panelinha de gente incompetente que está na saúde de Taboão é tudo conchavo político. Num lugar sério essa turma nunca iria trabalhar, não passam nem pela porta.
A saúde de Taboão da Serra, para ficar ruim precisa melhorar muito ainda.
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