Antes e depois: praça em jan/2022 e março/2023 |
David da Silva
A
Prefeitura de Taboão da Serra soterrou, entre março e abril deste ano, 31 mudas
de árvores nativas plantadas em janeiro de 2022 por ambientalistas em uma praça
no Jardim Record. A gestão Aprígio alega que vai fazer “obras de mobilidade
urbana” no local.
O
plantio comunitário das árvores foi idealizado por Lincoln Fausto Ferreira, 33
anos, morador daquela região. O grupo Novas Árvores por Aí fez o desenho do
projeto, que foi colocado em prática com o apoio de coletivos como a ONG Anjos
da Mata Atlântica e o Ressanavar, que objetivam a restauração da Mata Atlântica
em áreas urbanas. Moradores do bairro participaram da plantação.
Foram
escolhidas 18 espécies de árvores, todas nativas, como figueira-do-brejo, jerivá,
jatobá, paineira-rosa, pau-viola, manacá-da-serra, jequitibá-lilás, ingá-mirim,
mutambo.
A praça fica na esquina da Rua Restinga Seca com a Avenida Cid Nelson Jordano.
Oito meses de silêncio
Em
3 de maio de 2021 a Secretaria Municipal de Governo protocolou o documento
pedindo autorização para o plantio. Após oito meses de silêncio da gestão, os
moradores iniciaram a colocação das mudas com a ajuda de cerca de 40
voluntários em janeiro de 2022.
Em
24 de março deste ano, o paisagista Hamilton Cezar Videira postou uma denúncia
no Facebook: “Máquinas da prefeitura estão soterrando as mudas”.
Moradores do entorno da praça afirmam que a administração municipal aterrou as árvores sem nenhum aviso.
Moradores plantando as árvores em janeiro/2022 |
“Olha aí o que a prefeitura fez com nosso trabalho. Detalhe: eles não ajudaram em absolutamente nada. Apenas destruíram todo nosso esforço”, reclamou Lincoln Ferreira na sua rede social no último dia 7 de abril.
Raridade soterrada
Uma das vítimas do aterro feito pela prefeitura foi um exemplar de figueira-das-lágrimas. “É uma raríssima ficus organensis nativa da mata atlântica. Poucos clones foram feitos da árvore-mãe, que tem cerca de 200 anos, e é a mais antiga de que se tem registro na cidade de São Paulo. Esses poucos clones foram plantados em poucos locais espalhados pela Grande São Paulo. Um deles é esse que a Prefeitura de Taboão acaba de soterrar”, explica Hamilton Cezar.
Exemplar raro da figueira-das-lágrimas soterrado pela prefeitura |
Esforço e dinheiro
perdidos
“Se
a gente for falar de valores, foram investidos aqui mais de R$ 15 mil em mudas
de plantas, mão-de-obra, caminhão de adubo, aluguel de trator, mobilização da
comunidade, lanches para os voluntários”, lamenta Lincoln.
“As
árvores arrancadas vão ser compensadas em outros locais”, argumenta a gestão
Aprígio.
Os ambientalistas discordam: “Trouxemos mudas de excelente qualidade, espécies raras, mudas com até 5 metros de altura, algumas com até 100 kg. As mudas já estavam fortes no local. A prefeitura vai fazer compensação com o que?”, questionam em áudio enviado ao blog bar & lanches taboão, complementado por uma exigência: “Que a prefeitura replante exatamente como estava; que não substituam as espécies raras por espécies comuns”.
Espécies plantadas no local |
Moradores no plantio de árvores em 22.jan.2022 |
Mudas enormes precisaram do uso de máquina para serem plantadas |
Vídeo do plantio em janeiro/2022:
Tem uma passagem na Bíblia que que é a cara desse desgoverno:`O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir`.
ResponderExcluirA população merece respeito. Que a prefeitura replante as árvores e reconstrua o que foi destruido
ResponderExcluirAbsurdo. Um desgoverno pavoroso e de faz de conta. Cadê a tal secretaria do verde e meio ambiente que é somente cabide de emprego para os apoiadores parasitas?
ResponderExcluir