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domingo, 23 de abril de 2023

Projeto ambiental comunitário é destruído pela prefeitura em Taboão da Serra

Antes e depois: praça em jan/2022 e março/2023

David da Silva

A Prefeitura de Taboão da Serra soterrou, entre março e abril deste ano, 31 mudas de árvores nativas plantadas em janeiro de 2022 por ambientalistas em uma praça no Jardim Record. A gestão Aprígio alega que vai fazer “obras de mobilidade urbana” no local.

O plantio comunitário das árvores foi idealizado por Lincoln Fausto Ferreira, 33 anos, morador daquela região. O grupo Novas Árvores por Aí fez o desenho do projeto, que foi colocado em prática com o apoio de coletivos como a ONG Anjos da Mata Atlântica e o Ressanavar, que objetivam a restauração da Mata Atlântica em áreas urbanas. Moradores do bairro participaram da plantação.

Foram escolhidas 18 espécies de árvores, todas nativas, como figueira-do-brejo, jerivá, jatobá, paineira-rosa, pau-viola, manacá-da-serra, jequitibá-lilás, ingá-mirim, mutambo.

A praça fica na esquina da Rua Restinga Seca com a Avenida Cid Nelson Jordano.

Oito meses de silêncio

Em 3 de maio de 2021 a Secretaria Municipal de Governo protocolou o documento pedindo autorização para o plantio. Após oito meses de silêncio da gestão, os moradores iniciaram a colocação das mudas com a ajuda de cerca de 40 voluntários em janeiro de 2022.

Em 24 de março deste ano, o paisagista Hamilton Cezar Videira postou uma denúncia no Facebook: “Máquinas da prefeitura estão soterrando as mudas”.

Moradores do entorno da praça afirmam que a administração municipal aterrou as árvores sem nenhum aviso.

Moradores plantando as árvores em janeiro/2022

“Olha aí o que a prefeitura fez com nosso trabalho. Detalhe: eles não ajudaram em absolutamente nada. Apenas destruíram todo nosso esforço”, reclamou Lincoln Ferreira na sua rede social no último dia 7 de abril.

Raridade soterrada

Uma das vítimas do aterro feito pela prefeitura foi um exemplar de figueira-das-lágrimas. “É uma raríssima ficus organensis nativa da mata atlântica. Poucos clones foram feitos da árvore-mãe, que tem cerca de 200 anos, e é a mais antiga de que se tem registro na cidade de São Paulo. Esses poucos clones foram plantados em poucos locais espalhados pela Grande São Paulo. Um deles é esse que a Prefeitura de Taboão acaba de soterrar”, explica Hamilton Cezar.

Exemplar raro da figueira-das-lágrimas soterrado pela prefeitura

Esforço e dinheiro perdidos

“Se a gente for falar de valores, foram investidos aqui mais de R$ 15 mil em mudas de plantas, mão-de-obra, caminhão de adubo, aluguel de trator, mobilização da comunidade, lanches para os voluntários”, lamenta Lincoln.

“As árvores arrancadas vão ser compensadas em outros locais”, argumenta a gestão Aprígio.

Os ambientalistas discordam: “Trouxemos mudas de excelente qualidade, espécies raras, mudas com até 5 metros de altura, algumas com até 100 kg. As mudas já estavam fortes no local. A prefeitura vai fazer compensação com o que?”, questionam em áudio enviado ao blog bar & lanches taboão, complementado por uma exigência: “Que a prefeitura replante exatamente como estava; que não substituam as espécies raras por espécies comuns”.

Espécies plantadas no local

Moradores no plantio de árvores em 22.jan.2022

Mudas enormes precisaram do uso de máquina para serem plantadas

Vídeo do plantio em janeiro/2022:

3 comentários:

  1. Tem uma passagem na Bíblia que que é a cara desse desgoverno:`O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir`.

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  2. A população merece respeito. Que a prefeitura replante as árvores e reconstrua o que foi destruido

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  3. Absurdo. Um desgoverno pavoroso e de faz de conta. Cadê a tal secretaria do verde e meio ambiente que é somente cabide de emprego para os apoiadores parasitas?

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