David da Silva
Foi
protocolada na manhã da última 6ª-feira (29) uma ação judicial contra a criação
ilegal de cargos na Câmara de Taboão da Serra. Estão sendo questionadas dez
leis municipais que tratam da estrutura administrativa e do quadro de
funcionários do legislativo local. O processo aberto pelo Ministério Público do
Estado de São Paulo começou a ser distribuído hoje.
Para
a Procuradoria-Geral de Justiça, não se justifica que cargos como diretor de
compras, diretor de recursos humanos, diretor de cerimonial e diretor de
imprensa, todos com salário de R$ 11.437,50, sejam preenchidos por pessoas
vinculadas a vereadores. “É inconstitucional a criação de cargos de provimento
em comissão e de funções de confiança que não retratam atribuições de
assessoramento, chefia e direção, senão funções técnicas, burocráticas,
operacionais e profissionais”, ressalta a procuradoria paulista, para quem tais
funções devem ser exercidas por servidor público concursado.
O procurador Mário Luiz Sarrubbo critica que os cargos criados pelos vereadores são “genericamente descritos sob pressupostos indeterminados, imprecisos e vagos”. Ele é o mesmo procurador que obteve, na semana passada, uma liminar do Tribunal de Justiça suspendendo as nomeações assinadas por Aprígio a partir de janeiro deste ano. A sentença foi divulgada na última 4ª-feira (26).
Década perdida
A
Ação Direta de Inconstitucionalidade abrange uma década das atividades
legislativas de Taboão da Serra. A Procuradoria impugna desde a recente Lei
Complementar 388, sancionada por Aprígio em 31 de agosto de 2022, até a
longínqua lei complementar 305, aprovada em julho de 2013, na gestão de Eduardo
Nóbrega na presidência da Câmara.
Estão
também na mira do Ministério Público as leis complementares 312/2013, 320/2014,
330/2015, 332/2015, 338/2.017, 353/2018, e 365/2019.
Com a nova ação proposta ao Tribunal de Justiça, Aprígio e André Egydio, presidente da Câmara, são réus em duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade.
Maus legisladores
A
Procuradoria-Geral de Justiça qualifica como “má técnica legislativa” vários dispositivos
aprovados pelos vereadores taboanenses. Um deles foi instituir “a gratificação
mensal de 25% do maior padrão de referência a Comissão do Controle Interno ou
órgão equivalente”. Para os promotores, diante da “ausência de mais informações
a respeito do preceito, opta-se por instaurar novo procedimento, a fim de
analisar se referido dispositivo dispõe sobre o controle interno e sua função
gratificada para exercê-lo”.
Criticada também a criação de cargos no legislativo por meio de projeto de lei complementar sancionada pelo prefeito, e não por projeto de resolução, que é prerrogativa do presidente da mesa diretora.
Mania antiga
Em
março de 2012 o blog bar&lanches taboão denunciou que, dos 172 cargos de
funcionários da Câmara Municipal, 120 deles eram preenchidos por pessoas
submissas aos vereadores.
Após a denúncia, em 10 de setembro daquele ano a Promotoria de Justiça de Taboão da Serra fez o legislativo local assinar um Termo de Ajustamento de Conduta eliminando 32 cargos de livre-nomeados do quadro administrativo da Câmara.
☆
O procurador Sarrubbo aponta que “ao todo foram previstos 75 cargos de provimento em comissão [livre-nomeados]” pela lei 388/2022. Ele afirma que, com exceção dos 26 assessores de gabinete, dos 13 chefes de gabinete, de outros seis assessores, o chefe de gabinete da Presidência, o diretor de relações institucionais e fiscalização de despesas e o procurador-geral, “todos os demais padecem de inconstitucionalidade material”.
6 comentários:
Pelo visto puxaram o fio da meada da Prefeitura Municipal de Taboão da Serra e agora será a vez da Camara Municipal de Taboão da Serra.
No Taboão , Executivo nunca foi independente do Legislativo.
Taboão da Serra é terra arrasada politicamente. A roubalheira de grana pública disfarçada de legalidade nunca acaba. A população precisa acordar e se revoltar.
Vão precisar de uma edição extra do diário oficial da prefeitura de Taboão da Serra para colocar pra fora tanto parasita do dinheiro público. Ainda bem que somente falta 1 ano e 5 meses para essa turma vazar da prefeitura.
A decisão do TJSP saiu dia 27/07/23 e até agora nada na imprensa de exoneração.
O povo tem que fiscalizar e pedir a exoneração desse monte de gente aí.
Além disso, ficar de olho no portal da transparência, pois os privilegiados com a gratificação GED não poderão receber mais receber esse privilégio.
Prefeito tem que cumprir a ordem ou vai cometer improbidade.
Exonerar os mais de 700 livres apadrinhados e cortar as gratificações dos privilegiados.
Não adianta nada, sai um e entra outro e faz a mesma coisa. O ministério público deveria olhar também para a falta de vale transporte dos servidores de Taboão, do vale alimentação que é uma vergonha no valor de R$278. Servidores concursados ganhando menos de R$1.000 . Isso é uma vergonha.
Esse site não vai denunciar no mistério público não? Até agora não saiu o edital de exoneração e da revogação das gratificações.
Prefeito tem que cumprir a decisão do Tribunal.
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