Cratera rompe rua recapeada por R$ 530 mil há menos de 1 mês

Foto: David da Silva - 10.mar.2024

 

Foto: David da Silva - 18.mar.2024

David da Silva

Em 09.fev.2024, o governo Aprígio festejou, com faixas nos postes e vídeo nas redes sociais, o recapeamento da Rua João Santucci, corredor de ônibus situado no limite de Taboão da Serra com o município de SP. Na primeira semana de março, a via amanheceu com uma cratera que obrigou a interdição de uma faixa da pista. Pela recuperação do asfalto que ficou intacto por menos de um mês, a prefeitura pagou R$ 530.169,21. A verba veio do Governo do Estado.

Hoje, a cratera entrou na sua terceira semana de vida. Em 10.mar.2024, o blog bar&lanches taboão perguntou quando o conserto será realizado; a prefeitura não respondeu.

Pela Rua João Santucci passam 10 linhas de ônibus intermunicipais (078, 079, 089, 090, 190, 191, 241, 300, 459 e 841),  três linhas da Capital (756A-10, N837-11, 8026-10), e sete linhas municipais (circulares 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9). Ali funciona o Terminal de ônibus Metrô Vila Sônia | Largo do Taboão.

Caso antigo

O blog apurou que o trecho onde a galeria subterrânea desmoronou tem um longo histórico de problemas. A imagem abaixo é de três anos atrás:

Remendo com rachadura: mesmo lugar onde abriu a cratera neste mês - Google Street View - julho/2021

Em 01.fev.2022, Aprígio gravou vídeo apontando supostos defeitos nas galerias de águas pluviais no entorno do Largo do Taboão com a entrada da Rua João Santucci. O desabamento da galeria dias atrás mostra que a inspeção não foi eficaz.

Na seta, local onde a galeria afundou

Culpa nas nuvens

Sete dias depois que a cratera abriu, a gestão Aprígio enviou ao site Diário do Transporte uma nota de “esclarecimento” de duas linhas, dizendo que o solapamento da Rua João Santucci aconteceu “pelo excesso de chuvas”.

De lá para cá, a administração se limitou a colocar fitas de isolamento e cones fazendo o velório do buraco.

A tomada de preços para o recapeamento dessa via teve início em outubro do ano passado. Das três empreiteiras que se apresentaram, duas foram tiradas da disputa por questões de documentação.

Ao justificar a MDR Construtora e Pavimentação Ltda como única participante da concorrência pública, o pregoeiro fez discurso para vereador: “Temos que o andamento da presente [licitação] se faz necessária (sic) posto que se trata de obra pública para manutenção do maior equipamento público existente nas cidades, ou seja, o pavimento asfáltico, calçadas e passagem de pedestres que são diariamente usados e portanto importantíssimos para garantir a qualidade de vida e dignidade de nossos munícipes, portanto a paralisação deste procedimento licitatório não se mostra legalmente exigível e certamente afrontaria o interesse público", assinou o secretário executivo da Secretaria de Obras.

Segundo a ata, aquela sessão de julgamento de proposta de preço, realizada em 28.nov.2023, "não foi gravada e filmada por problemas técnicos”.