Pintor trabalha o tema há três anos Foto: Adriana Mônica Martin |
David da Silva
A
barca de Caronte conduz ao outro lado do rio. Os pincéis de Roberto Righi te
levam mais longe. A partir do próximo dia 9, o pintor paulistano radicado em
Embu das Artes levará o público a um mergulho visual em uma das obras de arte
mais poderosas da história da humanidade. A exposição Os 34 Cantos do Inferno de Dante
vai até 1º de dezembro no Centro Cultural Mestre Assis, quando será encerrada
com o sorteio de um quadro. Esse projeto foi contemplado pela Lei Paulo
Gustavo, de incentivo cultural.
Escrito
cerca de 720 anos atrás – o poeta italiano teria começado a trabalhar nele em
1304 – “O Inferno de Dante” abre o poema épico A Divina Comédia. Artista plástico e doutor em urbanismo, Righi
trabalha este tema há três anos. No final do ano passado e início deste, ele
fez uma exposição inicial com 17 telas dessa sua jornada pelos círculos
infernais imaginados por Dante Alighieri. Na exposição de agora, o pintor traz
as outras 17, que completam as expostas anteriormente.
Produzidos
nas linguagens do abstrato ao expressionismo, os 34 quadros são pintados com
tinta a óleo Louvre francesa sobre telas de algodão na dimensão de 1m por 1,5m.
Com
a curadoria de Zhé Maria, a exposição vai oferecer aos visitantes oito painéis
com as sinopses de cada um dos 34 cantos que compõem essa maravilha literária
que há sete séculos repercute nas artes plásticas, na música clássica, e em
cinco versões no cinema.
Na
concepção da sua obra máxima, Dante Alighieri foi buscar nas ruas o modo vivo
de falar das pessoas simples, e optou pelo dialeto florentino ao invés do latim.
No século XVI, um grupo de intelectuais resolveu dar um fim à balbúrdia de linguajares
que impediam os povos da península itálica de se entenderem. O poema de Dante
foi escolhido como unificador do idioma italiano.
☆
Para
além do seu cavalete de pintor, Roberto Righi tem largo trecho percorrido na
atividade acadêmica. Formado em 1975 pela USP, ali se tornou doutor em 1988, após
o mestrado na UFRJ. Foi professor titular na graduação e pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Nascido
em outubro de 1951 no Jd Paulista, há 10 anos mudou-se do bairro Santa Cecília
para Embu das Artes.
A
capital paulista guarda as digitais de Righi no concurso nacional de ideias
para um novo centro da Cidade de SP em 1997, e na proposta de reurbanização da
Avenida dos Metalúrgicos em Guaianazes, em 1998. Em 2008, ganhou o prêmio de
melhor trabalho do Instituto de Engenharia de SP.
Se diante da pintura Cristo Morto de Hans Holbein uma pessoa corre o risco de perder a fé, diante das 34 telas de Righi o visitante é levado a refletir sobre “a grave situação e a insensibilidade que dominam o mundo de hoje com seu acelerado aquecimento global, desmatamentos, incêndios, inundações, apagões e pandemias”, pontua o pintor. O inferno está por perto.
Nas pinturas de Roberto Righi o visitante da galeria de arte é arrebatado pela profusão de cores e movimentos, e há uma imediata e dolorosa identificação com o que se passa naquelas 34 situações tão trágicas e tão belas.
“Os
34 Cantos do Inferno de Dante”
Roberto Righi - 34
óleos sobre tela
Festa
de abertura: 09.nov.2024, 18h
De 10.nov a
01.dez.2024, das 9h às 19h
ENTRADA
GRÁTIS
Centro Cultural
Mestre Assis
Largo
21 de Abril, nº 129
Centro Histórico - Embu das Artes/SP
Galeria de imagens
Canto XXI - Trapaceiros no asfalto fervente |
Canto XXII - Escolta |
Um comentário:
Essa é uma ótima oportunidade para cada um de nós admirar belos trabalhos. Muito obrigada por divulgar!!!
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