A sina peregrina de Padial

Aproxima-se, a cada dia, a hora da partida da caminhada cultural organizada pelo Sarau do Binho. Vários artistas partirão em caravana para o sul do Brasil, e de lá para outros países da América Latina.
O roteiro está em elaboração. Binho, criador do Sarau e idealizador da Expedição Donde Miras, abrirá contatos com agitadores culturais das cidades por onde irão passar. “A idéia é a gente se apresentar nestes locais, e também assistir o que eles têm de cultura”, diz.
Esta vontade de botar a perna no mundo já veio no código genético de Binho, cujo nome e sobrenome (Robinson Padial) já remetem a peripécias.
Do prenome evoca-se o personagem Robinson Crusoe, criado em 1719 por Daniel Defoe, e considerado o precursor dos romances de aventura.
O sobrenome Padial lembra os tempos pioneiros de Campo Limpo/Taboão, título do mais famoso poema de Binho. Seu pai, Joaquim Antonio Padial, foi dono da primeira farmácia do bairro. Depois mudou o ramo de atividade para a sua Imobiliária Irmãos Mestiços, junto com o irmão Antonio. Aliás, Mestiço era o apelido do pai do poeta Binho.
Viajando ainda mais no tempo, pouco depois do escritor inglês inventar o seu famoso náufrago, viveu em Puerto Rico o brigadeiro Luis Padial y Vizcarrondo. Além de militar, foi abolicionista e deputado na Corte Espanhola. Nascido em San Juan, em fevereiro de 1832, morreu em Madrid a 5 de março de 1879.
Quando foi enviado a Santo Domingo, em 1863, para sufocar uma rebelião daquele povo que lutava por independência, Luis Padial tornou-se simpático aos ideais daqueles a quem deveria subordinar aos interesses da Espanha.
Por tanto, quando você ver o Binho sempre inquieto, sempre querendo "Ir, Ir, Ir", não se espante. É o sangue quente dos Pandial bulindo-lhe nas veias.