Quem é o pai do boteco, não sei.
Certamente foi algum ponto de encontro debaixo de uma árvore, ou alguma caverna, onde homens primitivos reuniam-se para consumir o alucinógeno de sua época.
Embebedar-se nos ritos religiosos obedecia às regras. Mas, quando nossos antepassados deram um jeito de mastigar raízes e folhas entorpecentes, ou ingerir uma beberagem que ‘desse o barato’ na hora que bem entendessem, longe do sacerdote pé-no-saco, ali nasceu o boteco.
A palavra boteco deriva de botica, em Portugal, e bodega, na Espanha. Ambas vêm do grego apthotéke, que significa depósito, ou loja em geral. Depois passou a significar farmácia.
Não por acaso, a mais antiga e afamada farmácia de manipulação que conheço é a Botica Ao Veado D’Ouro, fundada há cerca de 150 anos – coincidentemente, o herdeiro de seu fundador foi Henrique Schaumann, hoje nome de uma via paulistana cheia de bares!
Em Portugal a botica era um depósito, ou loja em que se vendiam mantimentos e miudezas. Na litogravura à direita, uma botica lisboeta por volta de 1860, do artista João Cristino (1829-1877). No Brasil o boteco ou butequim ficou conhecido como lugar de encontro entre boêmios à procura de bebida, petiscos baratos, e uma boa conversa sem compromisso.
Como ensina o sábio Aldir Blanc em sua concisão poética: “Boteco é papo”.
O boteco mais antigo da Terra está em Pompéia, Itália. Click sobre a foto para você ficar mais à vontade.
Sua conservação deve-se ironicamente à erupção do Vesúvio, em 79 depois de Cristo.
Este ancestral do botequim fica nas imediações da Rua do Fórum e da Rua dos Banhos.
Na Itália antiga, estabelecimentos deste tipo eram chamados “tabela quente”. Um lugar onde se ia consumir refeições rápidas. Dentro dos buracos cilíndricos revestidos de cerâmica no balcão, eram colocadas bebidas ou sopas, quentes ou frias.
Curioso é notar que desde aqueles tempos imemoriais, já havia a famosa portinha conduzindo a um cômodo nos fundos do apothéke, onde eram preparadas ou armazenadas as mercadorias a serem servidas.
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