Geraldo Cunha da Silva sim senhor, a seu dispor.
Nesta virada de ano ele recebeu em sua boléia a visita do meu filhão Yuri. A partir do próximo dia 10, quem vai enfeitar sua cabine serão minhas filhas Maíra e Maysa. Vão lombar as estradas entre São Paulo até Recife, sobre os 18 pneus domados pelo meu valente pai.
Eu me chamo David (grafado assim à moda dos yankees) porque meu pai era (e é. Eu também sou) fanático por filmes de faroeste.
Quando chegou da Bahia para cá, meu pai empregou-se como ajudante de mecânico – daí sua paixão por motores. Minha avó morava em uma casinha minúscula, no Jd Monte Kemel. Meu pai achava mais confortável dormir nos carros da oficina. “Minha primeira ‘casa’ foi um automóvel Buyck, onde eu varava as noites ouvindo um programa de tangos e boleros chamado Salão Grená”, lembra.
Nas suas folgas, ele se refugiava nos cinemas. “Na época tinha sessões múltiplas, vários filmes intercalados. Eu entrava de manhã e só saía do cinema à noite”, conta.
Para aguentar o repuxo das projeções ininterruptas, levava vários sanduíches. Quando John Wayne punha seu Colt 45 na cartucheira, meu pai sacava mais um lanche do bolso.
No tempo dos pioneiros
De forma indireta, meu pai faz parte da emancipação de Taboão da Serra.
Seu primeiro emprego aqui em nossa cidade, foi na oficina mecânica de José Ruiz Moreno, um dos emancipadores que assinaram a carta pedindo a criação do município.
Tempos depois, já habilitado, foi motorista de caminhão do honorável Kizaemon Takeuti.
Neste Natal meu pai me presenteou com um DVD do afamado western Os Brutos Também Amam. O making-off do filme é uma atração à parte. Verdadeira aula de cinematografia.
É um filme baseado no romance de Jack Schaefer, com roteiro de A. B. Guthrie, e diálogos adicionais de Jack Sher. A direção foi do George Stevens.
Você entendeu porque eu coloquei primeiro os nomes dos roteiristas, né? A atual greve da categoria nos EUA prova quem tem real importância na indústria cinematográfica.
Gosto particularmente deste faroeste porque o personagem principal foge do modelo viciado do herói destemido. Shane (vivido por Alan Ladd) é um cowboy humanizado, com todos os receios de um homem comum.
O filme revela o Velho Oeste visto pelos olhos do ingênuo menino Joey (na foto, Alan Ladd e o garoto-ator Brandon de Wilde).
Os diálogos deste filme são excelentes. Minha fala favorita é quando Shane mostra a Marian (interpretada por Jean Arthur) o seu revólver: “Uma arma é uma ferramenta, Marian. Não melhor nem pior que qualquer outra ferramenta. Um machado ou uma pá ou qualquer coisa. Uma arma é tão boa ou tão ruim quanto o homem que a usa. Lembre-se disso.”
Dona Marian também estava interessada na... digamos... pistola de Shane. Mas isto não é assunto para este horário...
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