quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vou-me embora pra Guaramiranga

Olhando a agenda cultural de milhares de cidades brasileiras (a minha inclusa) sinto inveja do povo de Guaramiranga, e parafraseio Manuel Bandeira que anelava por Pasárgada.
Guaramiranga é uma cidade serrana no centro-norte do Ceará, incrustada no Maciço de Baturité, a 865 metros acima do nível do mar. Fica a 123km de Fortaleza, e tem apenas 5.800 habitantes.
Aqueles sertanejos são abençoados pelo 
Festival de Jazz e Blues que ali acontece há oito anos, em fevereiro – justamente o mês de aniversário de minha cidade assolada pelo lixo expelido pelas gravadoras.
Diferente dos taboanenses brindados com música de prostíbulo, os nordestinos de Guaramiranga já foram visitados por João Donato, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Paulo Jobim, Márcio Montarroyos, Manassés, Ivan Lins, Nana Vasconcelos, e os internacionais Scott Henderson e Stanley Jordan.
Estes gênios da música se apresentam no teatro da cidade, e também a céu aberto nas escadarias da Igreja Matriz.
Neste ano, houve a participação do bandolinista Hamilton de Holanda, o gaitista de blues Jean-Jacques Milteau, o grupo Les Frères Guissé, do Senegal, e a lendária Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto.
Ah!... Quando os músicos guardam seus instrumentos e vão embora, os responsáveis pela Cultura em Guaramiranga promovem outros festivais: Arte em Flor (em agosto), o Nordestino de Teatro Amador (em setembro), e o de Gastronomia (também em setembro).

Quando for ao nordeste brasileiro em fevereiro, "vá-se embora pra Guaramiranga".
Veja a história do festival e a programação aqui

Roupas secam nas escadarias da Igreja Matriz de Guaramiranga, palco do Festival de Jazz & Blues. - Foto: Rodrigo Arnaud

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