terça-feira, 25 de março de 2008
Um belo samba na velocidade de um raio
Estou devendo a história do Baden Powell arrancar seu parceiro letrista Paulo Cesar Pinheiro do sofá da sala para a poltrona do avião. Mas, como estamos com o vídeo do ensaio do recital no Teatro Bela Vista (acima, à esquerda), vou contar um caso daquela temporada.
Paulinho veio do Rio para São Paulo, assistir o show. Ao vê-lo no teatro, Baden puxou-o para um canto.
- Terminei de fazer um samba agora. Se você botar a letra, dá tempo de cantar na segunda parte do show – disparou o vigoroso violonista.
- Mas preciso do tempo pra decorar a música, bolar as frases... – argumentou o poeta.
- Presta atenção – disse Baden, e passou a cantar a melodia incontáveis vezes, até que foi acionado ao palco.
O show rolando lá em cima, e Paulinho Cesar Pinheiro confinado no camarim, às voltas com os versos de uma canção recém-concebida.
No intervalo, um implacável Baden abordou o parceiro. Mal deu tempo de Paulinho entregar-lhe a letra num papel, e lá se foi o violonista imortal enfeitiçar o público com seu violão imenso.
O samba chama-se Até Eu:
Até eu, quando o assunto é de ter paixão
Faço o que recomenda a tradição
Carinho é coisa de primeira mão.
Mas, você sendo poeta, tinha de saber
Até eu, quando se trata de amor
Eu sou mais eu...
Não é que eu esteja de má-fé
Mas, você, sendo mulher,
Devia ser mais cordial
Isso eu acho tão normal
Mas você vive estudando pra saber...
Na vida não se estuda pra aprender.
É preciso viver!
No link abaixo, você encontra minúsculas amostras-grátis de duas versões do samba: uma na voz do próprio Baden, e outra na vocalização da suprema Janine de Waleyne. Ouça, e saia enlouquecido por aí, para comprá-las.
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Musica=MU004878
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