quinta-feira, 8 de maio de 2008

Dá uma fôrça aqui, mister Clifford!

Deixei de pegar o ônibus das 8h30 (Pq Pinheiros CSU / Pinheiros) pra evitar um arranca-rabo com um sujeitinho ordinário que faz a viagem toda falando (e alto, quando não literalmente aos berros) no maldito celular. 
Todas as manhãs ele encarna na vítima que tenha a infelicidade de sentar-se no mesmo banco. “Puuutz!, fui dormir às 4h baixando música prum colega lá da loja”, e taca ele mostrar as merdas sonoras arquivadas no seu instrumento portátil de tortura. E liga “n” vezes na empresa pra dialogar obviedades exasperantes (o trânsito, o tempo, o ônibus lotado...). Liga pra namorada (“Cê já acordou?”, ou então “Tá fazendo?”, quando não o indefectível “Mô, ondiéquicetá?”). 
Saca outro aparelhinho ainda mais medonho, o execrável Nextel, pra “trocar umas idéia” com os manos do trampo – faz questão de propagar que é segurança de xópim.
Daí penso na solução encontrada por um arquiteto de San Francisco, Califórnia, nos EUA, que assumiu, em setembro de 2007, a identidade de “cell phone vigilant”. 

Andrew – que não revelou o sobrenome para o New York Times – não sai de casa sem levar no bolso seu bloqueador de celulares, do tamanho de um maço de cigarros. Sempre que um inoportuno desanda a tagarelar no fone móvel, nosso impertinente patrulheiro de celulares aciona o bloqueador, que emite poderoso sinal emudecendo qualquer aparelho num raio de 9 metros. 
A solução é acessível – no Google digite “cell phone jammer”, e faça sua encomenda a partir de US$ 50.
Diante dos matraqueantes fãs de celulares, penso também em John Clifford, que embarca todas as manhãs no metrô de Long Island a Manhattan. 
Ai de quem abrir o bocão no celular perto de mister Clifford. Policial aposentado, com a bendita ranzinzice de seus 59 anos, ele a princípio sibila um sutil “psiu!”. Se a tagarelice continua, o ex-meganha exige silêncio explicitamente. 
Quem ousa desdenhá-lo, mal tem tempo de vê-lo levantar seus quase dois metros de altura e partir pro ataque. Clifford (essa doçura de pessoa na foto abaixo) já foi detido 8 vezes. É conhecido como “the train terrorist”. 
Ele é meu herói. Pena não seja usuário da Viação Pirajuçara...

Um comentário:

Ary Marcos disse...

Um dia no metro aconteceu algo fantástico. Um imbecil só para se mostrar passa um nextel para um outro nextel deixando claro que estava falando com um subalterno e com voz empolada, autoritária e alta para que todos pudessem ouvir, ele pergunta: Onde voce estava, pois não conseguia falar com voce? Do outro aparelho vem uma resposta seca para deixar o idiota numa situação ridícula: Estava cagando. Aquilo salvou a tarde nublada e chata de uma segunda-feira