Deixei de pegar o ônibus das 8h30 (Pq Pinheiros CSU / Pinheiros) pra evitar um arranca-rabo com um sujeitinho ordinário que faz a viagem toda falando (e alto, quando não literalmente aos berros) no maldito celular.
Todas as manhãs ele encarna na vítima que tenha a infelicidade de sentar-se no mesmo banco. “Puuutz!, fui dormir às 4h baixando música prum colega lá da loja”, e taca ele mostrar as merdas sonoras arquivadas no seu instrumento portátil de tortura. E liga “n” vezes na empresa pra dialogar obviedades exasperantes (o trânsito, o tempo, o ônibus lotado...). Liga pra namorada (“Cê já acordou?”, ou então “Tá fazendo?”, quando não o indefectível “Mô, ondiéquicetá?”).
Saca outro aparelhinho ainda mais medonho, o execrável Nextel, pra “trocar umas idéia” com os manos do trampo – faz questão de propagar que é segurança de xópim.
Daí penso na solução encontrada por um arquiteto de San Francisco, Califórnia, nos EUA, que assumiu, em setembro de 2007, a identidade de “cell phone vigilant”.
Andrew – que não revelou o sobrenome para o New York Times – não sai de casa sem levar no bolso seu bloqueador de celulares, do tamanho de um maço de cigarros. Sempre que um inoportuno desanda a tagarelar no fone móvel, nosso impertinente patrulheiro de celulares aciona o bloqueador, que emite poderoso sinal emudecendo qualquer aparelho num raio de 9 metros.
A solução é acessível – no Google digite “cell phone jammer”, e faça sua encomenda a partir de US$ 50.
Diante dos matraqueantes fãs de celulares, penso também em John Clifford, que embarca todas as manhãs no metrô de Long Island a Manhattan.
Ai de quem abrir o bocão no celular perto de mister Clifford. Policial aposentado, com a bendita ranzinzice de seus 59 anos, ele a princípio sibila um sutil “psiu!”. Se a tagarelice continua, o ex-meganha exige silêncio explicitamente.
Quem ousa desdenhá-lo, mal tem tempo de vê-lo levantar seus quase dois metros de altura e partir pro ataque. Clifford (essa doçura de pessoa na foto abaixo) já foi detido 8 vezes. É conhecido como “the train terrorist”.
Ele é meu herói. Pena não seja usuário da Viação Pirajuçara...
Um comentário:
Um dia no metro aconteceu algo fantástico. Um imbecil só para se mostrar passa um nextel para um outro nextel deixando claro que estava falando com um subalterno e com voz empolada, autoritária e alta para que todos pudessem ouvir, ele pergunta: Onde voce estava, pois não conseguia falar com voce? Do outro aparelho vem uma resposta seca para deixar o idiota numa situação ridícula: Estava cagando. Aquilo salvou a tarde nublada e chata de uma segunda-feira
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