Na cidade de Pau D’Arco do Piauí (PI), a 68 quilômetros ao norte de Teresina, tomou posse ontem a vereadora Carmem Lúcia Portela Santos, de 46 anos (à direita). Ela ocupa o lugar de Miguel Abreu do Nascimento, punido pela Justiça Eleitoral por trairagem – elegeu-se pelo PSDB, depois se picou pro PC do B. Os juízes piauienses estão mandando bala nos vira-casacas: 63 vereadores já tiveram os mandatos cassados por infidelidade partidária. Somente em Pau D’Arco 3 parlamentares já foram pro espaço, e outros 3 estão com a faca no pescoço.
Até aí, tudo bem. Só que esta dona Carmem, na eleição de 2004, só teve um voto!
E mesmo assim, só assumiu porque seu cunhado Reginaldo Sousa Santos, a quem a cadeira cabia por ser o primeiro suplente, morreu numa trombada de carros em abril último.
Carmem Lúcia ainda tira uma onda com o eleitorado. Diz não ter votado em si mesma, e sim no cunhado. E que o voto dado a ela deve ser de algum parente, pois nem seu marido votou nela.
Esse voto único me fez lembrar de um meu antigo colega de copo e de cruz, lá da região do Pirajuçara. O pobre rapaz candidatou-se a vereador em 1992. Era pedreiro. Mas pra combinar com seu sobrenome, levou ferro nas urnas. Como se não bastasse sua esposa o trair com um advogado (que hoje ocupa um carguinho até importante na Prefeitura de Taboão – uma espécie de orelhão humano) meu parceiro de balcões saiu da campanha com seu único mísero voto.
Pra não ficarmos só nestes votos solitários, vamos colocar sobre nosso balcão imaginário a ata da primeira eleição da história de Taboão da Serra. Em 1959, Francisco Remeikis, proprietário de terras no bairro que hoje leva seu nome, disputou uma vaga na Câmara de Vereadores. Na tarde da apuração de votos (na época feita no Ginásio do Pacaembu) a Fôrça Pública foi chamada à casa da família Remeikis. “O homem tá arrebentando a casa toda na base do machado”, foi a informação passada ao soldado Henrique Alves de Lima, o único policial de plantão.
Chegando à propriedade do candidato enfurecido, o soldado constatou que não restava um só móvel inteiro. E Francisco Remeikis fazia menção de ir dar umas machadadas também em sua esposa, que foi se esconder detrás de umas bananeiras. Após controlar a situação, o polícia ainda teve de ouvir a lamúria de Remeikis: “O senhor vê, ‘seo’ Henrique. Aqui em casa mora Francisco, a mulher de Francisco, a filha de Francisco, o genro de Francisco. E na urna só apareceu o voto de Francisco!!!”.
Depois de muita lábia, o soldado convenceu Remeikis a deixar a esposa voltar pra casa: “Ela tá velhinha, ‘seo’ Francisco. Vai pegar uma doença se dormir no sereno...” O homem-de-um-voto-só se rendeu: “Tá bom. Ela pode entrar. Mas nunca mais na vida vai dormir com Francisco!!!”
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