Só fiquei sabendo que a atriz Betty Faria faz parte da obra do nosso idolatrado Baden Powell, um dia depois que ele morreu. Este fato ficou por quatro décadas fora do meu conhecimento por culpa de quem datilografou (atenção revisão: na época não tinha computador! A gente batucava forte nas saudosas Olivetti, Remington, etc) a ficha técnica do disco com os afro-sambas de Baden e Vinícius de Moraes. Tá lá: Vocais - Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e Coro Misto. Só que no danado deste “coro misto” estavam Nelita e Teresa Drummond, Eliana Sabino (filha do escritor Fernando Sabino), Otto Gonçalves Filho, César Proença e... uma jovem aspirante a atriz chamada Betty Faria. Quando não descolava um trabalho onde representar, Betty fazia uns bicos cantando.
No estupendo Canto de Ossanha, é ela quem divide os vocais com o Poetinha. Vinícius canta como no murmúrio de uma súplica, e Betty reforça as sílabas finais de cada verso com sussurrante sensualidade. O lendário disco foi gravado entre os dias 3 a 6 de janeiro de 1966.
Pena que Baden não gostou. O maestro Guerra Peixe escolheu dar à gravação uma sonoridade rústica, como se fosse feita mesmo em um terreiro. Baden achou isto uma bosta (embora em público usasse a expressão “mal gravado”) e regravou 11 daqueles afro-sambas com outros músicos na década de 90.
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