quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MONSTROS DE TABOÃO DA SERRA

Reportagem de Herculano Barreto Filho, para o Diário de S.Paulo
Uma menina de 3 anos era torturada pela mãe e pelo padrasto em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. A criança era submetida a choques elétricos pelo padrasto e a mãe a espancava. O casal confessou os maus-tratos no 1º Distrito Policial de Taboão da Serra.
O montador de móveis Jorge Henrique Gregório, de 23 anos, padrasto da menina, confessou as agressões. Ele contou que quando a criança ligava a televisão, ele pegava uma corrente de ferro e enrolava a corrente nos pulsos da dela. Depois colocava fios desencapados na tomada e encostava a outra extremidade na corrente para dar choque.
"Eu fazia isso porque ela não é minha filha" disse o padrasto ao conselheiro tutelar Rodrigo Vieira Martins. Gregório indicou onde ficava a corrente e os fios usados na tortura.
- A menina contou que ele dava choque elétrico nela. Depois, dava banho gelado e deixava a menina nua e virada para a parede, de castigo - afirmou o conselheiro.
Martins afirmou que a menina está bastante debilitada. Segundo ele, a mãe da criança, Bárbara Stephanie da Silva, de 18 anos, confirmou os maus-tratos e "parecia não entender" que tinha que defender a filha. Bárbara disse que batia da filha com vara. A criança tem marcas do espancamento nas pernas e nos braços.
- Quando perguntei porque ela não denunciava, ela abaixou a cabeça e chorou - disse o conselheiro.
O casal acusado de tortura permanece solto. A polícia enviou pedido de prisão temporária à Justiça, mas a solicitação foi negada pelo Ministério Público, que pede mais provas para determinar a prisão do casal, que foi indiciado.
A menina foi levada nesta terça-feira ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito. O resultado deve sair em 30 dias e o laudo pode servir como prova para incriminar o casal.

Agressões foram descobertas pela família

A dona-de-casa Isabel Cristina da Silva, de 41 anos, avó da menina, descobriu as agressões na semana passada. Na última quinta-feira, a neta passou a noite na casa da avó, em Embu Guaçu, e contou a Danielle da Silva, 20 anos, que é sua tia, que o padrasto dava choque se ela ligasse a TV.
Bárbara teria ido buscar a filha no dia seguinte e a menina não queria sair da casa da avó. De acordo com a família, a mãe puxou a criança pelo braço e disse: "Você não tem que querer!"
A menina está agora sob a guarda da avó.
- Ela podia morrer, porque uma criança não tem como se defender. Eu sou pobre. Você vê a minha casa, não tenho luxo. Só o que tenho é o amor e o afeto para a minha neta - afirmou Isabel.
Isabel afirmou que, no mês passado, a neta apareceu com cicatrizes na perna e a filha disse que ela havia sido atropelada por uma bicicleta. A menina teria ficado uma semana internada, com pressão alta e problemas nos rins.
- Depois, eu fiquei sabendo que ela apanhou com uma vara porque tinha atravessado a rua - contou Isabel.
Segundo a avó, as agressões começaram depois que Bárbara saiu de casa com a menina e foi morar junto com Gregório, em maio passado. Para ela, a filha tem de pagar pelo que fez.
- Ela sempre foi uma criança feliz. De uns tempos pra cá, começou a ficar quietinha, parou de sorrir. A minha neta virou um bichinho, coitadinha. Não desejo mal pra minha filha. Mas o que ela passar é castigo pelo que fez. Não se troca uma filha por um homem.

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