As duas gravuras que ilustram esta postagem, me fazem elevar um brinde aos anônimos trabalhadores que deixaram o couro do corpo nas pioneiras fabriquetas alemãs de cerveja, e nas primeiras destilarias de cachaça no Brasil. Note-se a rudeza do ambiente de trabalho na legendária cervejaria Schlenkerla, na cidade alemã de Bamberg. O desenho anônimo é de 1.678. Mas, esta cervejaria, que existe até hoje, foi fundada (veja você!) em 1.405.
Ao degustar a sua cerveja “estupidamente”, pense na rotina daquele pobre peão de boné azul, que passou a maior parte de sua vida debruçado diante daquele enorme tacho fervente... Imaginem quantas vezes por dia aqueles dois que carregam o barril nos ombros tinham de subir e descer aquelas escadas... O homem arqueado sobre uma pipa nos dá a nítida visão da rudeza cotidiana do tanoeiro. Ao fundo, um quinto operário está prestes a desaparecer por detrás do imenso tonel.
Naquela mesma época, aqui no lado oposto do Oceano Atlântico, escravos ensopavam os sovacos de suor no preparo do melado de onde se extraia o açúcar. Após moer a cana, ferviam o caldo e, em seguida, deixavam-no esfriar em fôrmas, onde o melaço virava rapadura, com a qual adoçavam as bebidas.
Na estupenda gravura de Rugendas, um instantâneo da vida bruta dos negros escravos que nos legaram a cachaça nossa de cada dia.
Ocorre que, por vezes, o caldo desandava e fermentava, dando origem a um produto que se denominava cagaça e era jogado fora, pois não prestava para adoçar. Alguns escravos tomavam esta beberagem e, com isso, trabalhavam mais entusiasmados.
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