quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal e guaraná com formicida

“Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem”
(Boas Festas – de Assis Valente)
Rola há oito anos na rede a foto de uma criança aos berros diante do suposto túmulo de Papai Noel.
Quem fez a brincadeira macabra estava 68 anos atrasado.
Em 1932, sozinho em um quarto de pensão, o compositor
Assis Valente fez a marchinha Boas Festas, gravada em dezembro do ano seguinte. Na aparentemente singela composição, Assis Valente decretava a morte do mito natalino.
A beleza trágica desta música é o espelho da alma atormentada do seu autor. Esmagado pelas dívidas, às 17h55 do dia 10 de março de 1958, faltando oito dias para completar 47 anos, sentou numa praça ao lado de um parquinho infantil. Era a sua terceira tentativa de suicídio. Olhando a Praça do Russel por entre as lágrimas, matou-se bebendo guaraná com formicida. Em seu bolso, um bilhete pedindo ao amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois meses de aluguel que estava devendo...

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