terça-feira, 31 de março de 2009

O rei dos boêmios e a mítica do dinheiro

Adelino Moreira sempre “tirava um barato” de quem reclamava não ganhar dinheiro com música. “Quem quiser ganhar dinheiro fazendo músicas, tem de falar comigo primeiro. Eu faço aquilo que o povo quer. Por isto meus discos vendem tanto.”
Quando Aloiso Nogueira Alves, o doutor Luiz César e eu chegamos ao portão da casa do compositor, um típico carioca ficou rente ao carro: “Olhaí, paulista! A casa do ‘seo' Adelino é 738; a placa do carro de vocês é final 738. Não dá outra: é coelho na cabeça!”.
De volta a São Paulo, passei a semana subsequente fazendo uma fé no danado do coelho. Jogava na PT, na Federal, na corujinha... e nada.
No sábado fui pra um plantão e me esqueci do jogo. Quando passei batido defronte ao boteco onde fazia as apostas, Luciene, a apontadora de jogo, pensou: “Êêêêita que David hoje nem parou pra jogar. Num sei não...”. A mulher ainda pensou, ela mesma, fazer sua fezinha no parente do Pernalonga; mas estava pendurada, devendo um dinheiro na banca, e não arriscou suas pobres moedinhas.
Na Loteria Federal daquele sábado garoento veio a centena todinha, 738 no primeiro prêmio.
“Tá vendo?, seu burrão!”, me esculachou o Aloisio. “O velho Adelino gosta de dinheiro e quis te ajudar. Você é quem não soube aproveitar”
Pra não ficar triste com a lembrança desta graninha que me escapou de entre os dedos, ouço com vocês a Última Seresta de quem falei postagens atrás.

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