Adelino Moreira sempre “tirava um barato” de quem reclamava não ganhar dinheiro com música. “Quem quiser ganhar dinheiro fazendo músicas, tem de falar comigo primeiro. Eu faço aquilo que o povo quer. Por isto meus discos vendem tanto.”
Quando Aloiso Nogueira Alves, o doutor Luiz César e eu chegamos ao portão da casa do compositor, um típico carioca ficou rente ao carro: “Olhaí, paulista! A casa do ‘seo' Adelino é 738; a placa do carro de vocês é final 738. Não dá outra: é coelho na cabeça!”.
De volta a São Paulo, passei a semana subsequente fazendo uma fé no danado do coelho. Jogava na PT, na Federal, na corujinha... e nada.
No sábado fui pra um plantão e me esqueci do jogo. Quando passei batido defronte ao boteco onde fazia as apostas, Luciene, a apontadora de jogo, pensou: “Êêêêita que David hoje nem parou pra jogar. Num sei não...”. A mulher ainda pensou, ela mesma, fazer sua fezinha no parente do Pernalonga; mas estava pendurada, devendo um dinheiro na banca, e não arriscou suas pobres moedinhas.
Na Loteria Federal daquele sábado garoento veio a centena todinha, 738 no primeiro prêmio.
“Tá vendo?, seu burrão!”, me esculachou o Aloisio. “O velho Adelino gosta de dinheiro e quis te ajudar. Você é quem não soube aproveitar”
Pra não ficar triste com a lembrança desta graninha que me escapou de entre os dedos, ouço com vocês a Última Seresta de quem falei postagens atrás.
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