Para
registrar a si próprio durante o tempo em que morou no Brasil (de 1816 a 1831)
o pintor francês Jean-Baptiste Debret fez esse auto-retrato em uma taberna.
A
aquarela revela o estado de espírito do artista no ano do seu desembarque no
Rio de Janeiro. A derrota de Napoleão Bonaparte deixou Debret desempregado. Pra
piorar, a morte recente de seu filho Honoré de 19 anos o deixou arrasado. Como
desgraça pouca é bobagem, ele havia se separado há pouco de sua mulher Sophie
(alguns dizem que ela o abandonou).
A
taberna carioca escolhida por Debret para seu auto-retrato é rústica, com
decoração mínima de dois jarros e um cesto de vime contendo travessas. Jogado
no chão, um garrafão com o gargalo quebrado, ao lado de um cacho de
cocos-verdes.
As
linhas do teto e do assoalho traçam uma perspectiva que agudiza o sentimento de
solidão do único homem a beber ali. Debret está com o ombro arqueado sobre a
mesa, com o olhar fito num ponto qualquer, a meditar. A tensão gerada pelas
cores parece ecoar a tristeza e a melancolia.
O
artista se coloca propositalmente no fundo do quadro, para acentuar seu estado
de desolação. Além dele, só o pequeno degrau que conduz para trás do balcão,
onde um homem negro prepara algo para o freguês. Uma banda da porta da rua meio
que encobre o boêmio solitário.
(parece
que este bar já vai fechar...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário