Tirando a poeira do balcão

Eu quero entrar num boteco

Me jogam num avião

Eu vou dormir em sueco

Me acordam em alemão

Chico Buarque

Estou devendo aos ilustres visitantes do nosso boteco virtual, notícias deste giro pelo norte europeu, que percorro, a trabalho, desde 1 de julho até meados de agosto. Mas, mal termino o serviço numa cidade, já tenho de me picar pra outro canto onde a obrigação me espera.
A idéia inicial era atualizar o blog na medida que a viagem fosse acontecendo.
Não está dando pé. Muitas coisas a fazer pra garantir o pão e a cevada de cada dia. E nos intervalos do trampo, muitos lugares a conhecer, anotar dados e preparar postagens no capricho pra compartilhar com os colegas de copo e de cruz.
O caderno está recheado de apontamentos sobre Helsinki (Finlândia), Gøteborg (Suécia) e Hjørring (Dinamarca). Neste último país fui até Skagen, no extremo norte da ilha, onde um grupo de pintores se estabeleceu a partir da década de 1880 à busca da luminosidade perfeita, e imortalizaram em suas telas a colônia de pescadores locais. Um marinheiro sueco aposentado me contou que ali um rei da Dinamarca passava seus verões. ”Dane-se”, pensei. Mas o velho lobo do mar completou: ”E quando vinha aqui, o rei visitava os barcos dos pescadores e tomava uns tragos com eles”. Não resistí à história e lá se foram dezenas de coroas dinamarquesas num copázio de cerveja (se você tá chiando com o preço da bebida alcoólica aí no Brasil, não sabes o que estou passando nestas plagas…)
Estou, desde domingo último (26.jul) na Noruega.
Ontem à noite até pus em ordem algumas coisas pra publicar neste bar & lanches taboão quase às moscas nesta temporada um tanto forçada…
Daí me lembrei que o bairro de Ekeberg, uma elevação nos arredores de Oslo onde estou alojado, foi onde o pintor Edvar Munch se inspirou para seu célebre quadro O_Grito. Li isto há quatro anos, na Folha.
Então, vou ter de saír à rua procurar o ponto exato onde Munch enquadrou a sua dor.
Até a próxima.